“Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” [1]
Quem nunca passou por conflitos dentro do lar tem dois problemas: ou não está inteiramente envolvido com sua casa – é um alienado na família; ou vive um relacionamento superficial com os familiares – é uma pessoa falsa. Todos passamos por problemas, conflitos, disputas e desavenças dentro de nossas casas. É algo que ocorre diariamente. Trataremos aqui especialmente dos conflitos entre irmãos – Como eles podem ser resolvidos? Será que isto é possível?
Para ilustrar nossa palavra, vamos conhecer uma família tão cheia de qualidades e defeitos como a nossa própria. Vamos descobrir como Deus trabalha a fragilidade humana nas situações do dia a dia para realizar a sua vontade. Vamos conhecer uma característica de Deus muito marcante: promover encontros! Nosso Deus gosta de aproximar as pessoas para que ambas façam aquilo que é agradável aos seus olhos!
Meu objetivo não é discorrer a respeito dos problemas e suas causas, e sim, como Deus pode atuar promovendo restauração onde não havia antes concórdia.
Esta é a história de Jacó. Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai. Ora, Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas. Vendo, pois, seus irmãos que o pai o amava mais que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente. Teve José um sonho e o relatou a seus irmãos; por isso, o odiaram ainda mais.[2] |
Jacó era um homem com um passado negro. Enganou o pai e roubou o direito do próprio irmão. Mas ele se arrependeu. Entretanto, alguns velhos hábitos não haviam sido restaurados na vida de Jacó e ele passou estes hábitos que adquirira na infância a sua família.
José não podia impedir que seu pai o amasse mais que aos outros. Nem que os seus irmãos o invejassem e odiassem. Contudo, José trabalhou de maneira inteligente esse amor e ódio para que pudesse viver a sua adolescência sem maiores transtornos. A vida é assim: nem todos nos amam e nem todos nos odeiam. Na podemos forçar o amor ou o ódio. Se for possível enfraquecer a inveja e o ódio, tanto melhor. Se não for possível, viva debaixo do amor de Deus e faça o bem a todos. Romanos 2.9-21; Gálatas 6.7-10. Imagine o que era para José ficar dividido entre o amor do pai e o reconhecimento dos irmãos! Existia dentro do coração deste jovem um grande conflito. O conflito deve nos fazer tomar atitudes. Do contrário viveremos num círculo interminável de amor-ódio/harmonia-desarmonia.
José dava mais importância ao amor de seu pai do que a inveja e ódio dos seus irmãos. Isto nos traz algumas lições:
Ora, sentando-se para comer pão, olharam e viram que uma caravana de ismaelitas vinha de Gileade; seus camelos traziam arômatas, bálsamo e mirra, que levavam para o Egito. Então, disse Judá a seus irmãos: De que nos aproveita matar o nosso irmão e esconder-lhe o sangue? Vinde, vendamo-lo aos ismaelitas; não ponhamos sobre ele a mão, pois é nosso irmão e nossa carne. Seus irmãos concordaram.[3] |
José era governador daquela terra; era ele quem vendia a todos os povos da terra; e os irmãos de José vieram e se prostraram rosto em terra, perante ele. Vendo José a seus irmãos, reconheceu-os, porém não se deu a conhecer, e lhes falou asperamente, e lhes perguntou: Donde vindes? Responderam: Da terra de Canaã, para comprar mantimento. José reconheceu os irmãos; porém eles não o reconheceram. Então, se lembrou José dos sonhos que tivera a respeito deles e lhes disse: Vós sois espiões e viestes para ver os pontos fracos da terra. Responderam-lhe: Não, senhor meu; mas vieram os teus servos para comprar mantimento.[4]
No exílio, José alimentou a sua alma do amor de Deus e do amor a Deus. A paciência e a esperança traduzida em certeza de que as situações lhe seriam favoráveis estiveram sempre presentes mesmo diante de uma aparência desfavorável. O alimento espiritual que ingerimos determina se teremos saúde espiritual ou não.
Levantando José os olhos, viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e disse: É este o vosso irmão mais novo, de quem me falastes? E acrescentou: Deus te conceda graça, meu filho. José se apressou e procurou onde chorar, porque se movera no seu íntimo, para com seu irmão; entrou na câmara e chorou ali. Depois, lavou o rosto e saiu; conteve-se e disse: Servi a refeição.[5] |
Felizmente o temor a Deus fez renascer em José sentimentos e atitudes de misericórdia e perdão. A transição entre vingança e perdão só pode ser operada em quem teme ao Senhor. José não sabia que encontraria uma vez mais com seus irmãos. Ele não planejou o encontro. Mas Deus estava preparando aquele encontro para que o Perdão fosse liberado. Não há uma palavra mágica para fortalecer o relacionamento entre irmãos. Apenas VIVA O RELACIONAMENTO SOB A MÃO DE DEUS.
Disse José a seus irmãos: Agora, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então, disse: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós. Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem colheita. Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra e para vos preservar a vida por um grande livramento. Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito. Apressai-vos, subi a meu pai e dizei-lhe: Assim manda dizer teu filho José: Deus me pôs por senhor em toda terra do Egito; desce a mim, não te demores. Habitarás na terra de Gósen e estarás perto de mim, tu, teus filhos, os filhos de teus filhos, os teus rebanhos, o teu gado e tudo quanto tens. Aí te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome; para que não te empobreças, tu e tua casa e tudo o que tens. Eis que vedes por vós mesmos, e meu irmão Benjamim vê também, que sou eu mesmo quem vos fala. Anunciai a meu pai toda a minha glória no Egito e tudo o que tendes visto; apressai-vos e fazei descer meu pai para aqui. E, lançando-se ao pescoço de Benjamim, seu irmão, chorou; e, abraçado com ele, chorou também Benjamim. José beijou a todos os seus irmãos e chorou sobre eles; depois, seus irmãos falaram com ele. Fez-se ouvir na casa de Faraó esta notícia: São vindos os irmãos de José; e isto foi agradável a Faraó e a seus oficiais.[6] |
Deus promove encontros. Essa é uma característica de nosso Pai. Perdido no campo, o Senhor enviou um homem para orientá-lo. Acusado pelos irmãos, Deus usou Rubem e Judá que o livraram da morte. Exposto como escravo na feira, o Senhor o encaminha para a casa de Potifar. Acusado pela mulher de Potifar, na prisão encontrou um carcereiro que o acolheu. Procurado por dois funcionários de faraó, mostrou-lhes o futuro que estava reservado para eles, fazendo uso de uma capacitação especial recebida de Deus e esse foi o primeiro passo para o encontro com o faraó, a liberdade e a honra.
Deus acompanha os seus servos: a) no lar cheio de conflitos; b) quando não sabemos que direção tomar; c) na cisterna em meio à depressão; d) na mão de estranhos; e) nas acusações falsas e mesmo nas prisões. Se Deus nos deseja no trono, ninguém poderá nos deter.
Deus está pronto para estabelecer em seu lar uma situação de bênçãos, se você estiver disposto a participar. Não importa se você é o único cristão na sua família, ou se seu irmão tem inveja de você ou se ele te menospreza ou ainda se qualquer coisa vier te atormentar.
Não há receita de bolo para se constituir uma família feliz. Deus dá a direção para cada um! E aí mais uma vez vai a pergunta: a quantas anda a sua intimidade com Deus?
Notas:
ERAB: Edição Revista e Atualizada do Brasil [1] Josué 24 [2] Gn 37:2-5 (ERAB) [3] Gn 37:25-27 (ERAB) [4] Gn 42:6-10 (ERAB) [5] Gn 43:29-31 (ERAB) [6] Gn 45:4-16 (ERAB)