Avatar

Tive que assistir duas vezes ao filme para escrever esta crítica e ainda não sei se vou conseguir colocar em palavras a empolgação que isso me trouxe, mas uma coisa dá para garantir com esta experiência: nada se compara à sensação de assisti-lo em 3D Digital.

James Cameron é o cara. Responsável por nada menos que o sucesso oitentista O Exterminador do Futuro e a maior bilheteria de todos os tempos chamada Titanic, ele levou 12 anos preparando seu próximo longametragem batizado de Avatar. Então dá pra imaginar a expectativa que isso gerou nos cinéfilos na torcida de que ele quebrasse seu próprio recorde estabelecido até hoje.

Se ele vai quebrar o recorde de Titanic não sei, mas toda a expectativa foi brilahntemente correspondida em seu novo filme. Pandora, o mundo alienígena que ele imaginou, respira nas telas. Cada planta, cada criatura, cada ecossistema parecem reais, como se desenvolvidos por botânicos ou geneticistas. O nível de detalhes é embasbacante, impossível de ser absorvido em apenas uma visita. Já os Na´Vi, a raça inteligente do lugar, são seres similares a fadas ou elfos, maiores que os humanos, quase mágicos. Conceitos de energia e religião consagrados da ficção científica também encontram espaço importante: Pandora tem sua própria “Força”, que ganha aqui uma qualidade tátil interessante através de conexões físicas. O interesse dos humanos pelo planeta dá-se devido ao seu subsolo onde existe uma grande reserva de uma determinada substância muito valiosa.

Para tentar dominá-los, os humanos criam a tecnologia dos Avatares, ou seja, homens e mulheres modificados com DNA do povo de Pandora, feitos para desembarcar no planeta deles e estudá-los mais de perto para poderem subjulgá-los da maneira mais eficiente possível. O Avatar seria, então, uma espécie de espião que se infiltra entre os aliens para conhecer seus segredos.

Completamente criadas em computador, as “locações” vistas em Avatar são fotografadas de maneira absolutamente realista, apresentando uma solidez palpável e reagindo de forma incrivelmente natural às intervenções feitas a elas. No entanto, nada disso adiantaria caso os personagens digitais não se movimentassem com naturalidade – e o que James Cameron alcança aqui com a ajuda da WETA de Peter Jackson é algo que, em comparação, faz o Gollum da trilogia O Senhor dos Anéis parecer uma marionete quebrada. Porém, se alguns diretores costumam usar os efeitos visuais como um fim em si mesmos, James Cameron (como Peter Jackson) é um cineasta à moda antiga que enxerga a tecnologia como um meio de contar histórias, o que faz toda a diferença do mundo.

É curioso notar como o cineasta passou mais de uma década mergulhado em seu projeto e ele surja ainda tão inovador, à frente de seu tempo. Era de se esperar que qualquer coisa que demorasse tanto para ficar pronta nascesse um tanto datada – tanto que era essa a aposta de muita gente para Avatar. No entanto, as câmeras e a tecnologia de performance criadas do zero por Cameron são tão impressionantes que é literalmente impossível distinguir o que é real do que é modelo criado por computador. As cenas em que humanos e Na´Vi dividem as telas, por exemplo, desafiam qualquer percepção.

Se não bastasse tudo isso, Avatar ainda inclui, em sua narrativa, diversas alegorias extremamente relevantes no mundo contemporâneo, a começar por sua mensagem claramente ecológica – e é um mérito do cineasta que realmente passemos a nos importar com a preservação daquele ecossistema alienígena. No entanto, talvez ainda mais forte seja seu protesto antibelicista e a coragem de retratar os militares norte-americanos como feras da guerra intolerantes e preconceituosas: assim, não demora muito até que o coronel Quaritch zombe da religião Na´Vi e empregue a retórica do “terror contra o terror” – e Cameron não se mostra nada sutil ao apresentar a derrubada de uma estrutura importante para os alienígenas como a queda do World Trade Center, com direito a chuva de cinzas e tudo mais.

Avatar é um espetáculo que merece ser visto no cinema e em 3D Digital. Se você deixou passar esta oportunidade, terá que arrumar uma boa justificativa ao contar a seus filhos e netos.

Resta-nos torcer para que James Cameron não leve mais doze anos para nos presentear com seu novo e inesquecível espetáculo.

Com informações dos sites Omelete, CineClick e Cinema em Cena