Alice no País das Maravilhas

Versão Tim Burtoniana do clássico de Lewis Carroll… Ou não! Ou o contrário disso…

A versão de Tim Burton é tão diferente do livro original e do desenho da Disney que é difícil considerá-lo uma nova versão. Considero um filme totalmente novo, como se fosse um “Alice no País das Maravilhas 2 – A Batalha de Jaguadarte”!

Não digo isso querendo dizer que não gostei, heim! Só que é muito diferente… Só que é muito diferente, trazendo, entre outras coisas, elementos espirituais como um oráculo que mostra o que aconteceu no passado, o que está acontecendo e o que acontecerá!

Alice é uma jovem meio perturbada por uns sonhos estranhos desde pequena e incompreendida pela mãe. Seu pai que a compreendia muito bem por ser um homem sonhador já havia morrido há anos. Começamos nossa história em uma cerimônia em que ela é surpreendida por um pedido de casamento. Exatamente quando deveria responder algo chama sua atenção: Um coelho branco de terno! Ela deixa todos perplexos quando sem resposta nem aviso sai correndo atrás dele. Cai em um buraco e acaba saindo em um mundo totalmente diferente! Flores e animais falam e tem personalidade, pessoas mudam de tamanho dependendo do que comem ou bebem, Portas no meio do nada dão em lugares absurdos, enfim, esse é o “País das Maravilhas”!

Como Rainha desse lugar está uma tirana perversa que resolve todos os seus problemas mandando cortar a cabeça de quem a incomoda… (Pessoa simpática, não?) Os habitantes desse lugar estão esperando por uma guerreira que derrotará o Jaguadarte, um monstro que é o motivo dessa rainha estar no poder. Alice não consegue se ver como essa guerreira, pois é incapaz de fazer mal a um inseto. Esse fato está profetizado, o que deixa os habitantes do lugar cheios de esperança ao ver a chegada de sua “salvadora” Alice, porém, ela não consegue se ver como tal, pois é incapaz de fazer mal a um inseto. Mas, a amizade com o Chapeleiro Maluco, o Gato de Cheshire, a Rainha Branca (irmã “do bem” da Rainha Vermelha) vai influenciar sua decisão final.

O visual do filme é impressionante! O “País das Maravilhas” de Tim Burton, como já era de se esperar, passa longe do de Walt Disney de 1951. É sombrio, assustador, mas, ao mesmo tempo tem seu charme! E devemos lembrar que eles não estão em tempos fáceis, estão sob um reinado tirano de uma rainha maluca, então, totalmente dentro do contexto! Até podemos nos identificar com esse pessoal, já que eles também estão passando por tempos difíceis esperando pela salvação que já estava profetizada há tempos. No conto ela vem através da pessoa de Alice, e, segundo a profecia, só ela poderia livrá-los. Gostaria de ver aquele mundo após a época negra! Deve ser bem bonito!

Uma das coisas mais legais é ver que diferença faz os mesmos personagens em várias visões diferentes! Você lê o livro, vê o desenho de 1951 e finalmente o filme e percebe como a imaginação de cada um torna o personagem totalmente novo! Absolem (A lagarta azul) é uma espécie estranha de autoridade espiritual e quem consulta o oráculo para ver se aquela Alice era quem eles estavam esperando. Gostei de ver a visão de Tim Burton de cada um deles! Meus favoritos foram a Lebre de Março e o Gato de Cheshire! Como os dois são animações por computador feitas sobre os atores reais, gostei bastante de Johnny Depp como o Chapeleiro Louco e Mia Wasikowska fez muito bem sua Alice!

Sempre esperamos por Danny Elfman nos filmes de Tim Burton na parte musical, assim como sempre esperamos por Johnny Depp e Helena Bonham Carter no elenco de atores, não é? Por isso, quem conhece o trabalho de Danny Elfman sabe que a trilha sonora é de primeira, claro!

Concluindo, acredito que aqueles que se revoltam por verem roteiros cheios de referencias a ocultismo e paganismo não devem se incomodar muito com Alice (como aconteceu com a Princesa e o Sapo), pois não vi nada demais que me deixasse escandalizado (tem uma ou outra coisa que escrevi acima, mas, na minha opinião, nada demais), apenas um filme cheio de fantasia, personagens malucos, interessantes, poemas sem lógica, batalhas épicas entre cartas e dormidongos, enfim, muitas coisas além de couves e de reis! E chegando em casa assistam novamente o clássico de 1951 tomando uma boa xícara de chá! Será uma ótima maneira de comemorar seu desaniversário!