Ainda sobre o ano novo

Amigos, já estamos na terceira semana de 2011. Não se fala mais de novas resoluções, dos alvos para o ano novo. As férias vão terminando, as filas no pedágio da Imigrantes começam a diminuir e a rotina recomeça. E assim, naturalmente tudo ou quase tudo volta para onde estava em dezembro. Aquele regime, aquela caminhada, aquela matrícula no curso de inglês, entre outras decisões de menor ou maior envergadura, peso, prioridade e consequências, podem ter sido sumariamente esquecidas depois da noite de reveilllon.

Então resolvi escrever esta coluna para dar um cutucãozinho em meus prezados leitores e suas decisões de final de ano. Se você está em dia com seus alvos, muito bem. Caso contrário, este artigo é para lhe lembrar que alvos que não saem do papel, não importa quão nobres ou elevados possam ser, de nada valem. A não ser para atestar a nossa incompetência e falta de disciplina.

Sempre deixamos para depois o que deveria ter sido feito hoje. Aliás, é bem possível que algumas coisas ficaram para agora justamente porque estavam na pauta do ano anterior mas foram postergados. Desculpas foram apresentadas, justificativas habilmente criadas. Já tinham sido inadiáveis um dia e mesmo assim foram adiadas.

Então, mais uma vez é hora de tomar vergonha e atitude. Comece hoje mesmo a leitura cronológica da Bíblia. Retome hoje mesmo sua atividade física abandonada há semanas. Ligue para aquele seu amigo ou amiga com quem ficou de começar o programa de discipulado. Termine logo aquele livro que ficou pela metade. Arrume as gavetas que estão em condição lastimável. Evangelize aquele seu vizinho com quem você trocou algumas palavras sobre a dificuldade de criar filhos. Marque aquela visita com o cliente potencial que ficou de pensar na proposta. Passe na Associação dos Jornalistas para registrar seu diploma. Já se passaram três semanas desde que o ano começou. Ele não vai ficar esperando você se mexer. O calendário segue sua marcha implacável. Daqui a pouco estamos no Carnaval e em seguida na Páscoa. Até os Estaduais já começaram de novo. E quando menos você esperar, estaremos novamente fazendo resoluções para o ano das Olimpíadas de Londres.

Só há um dia que nos pertence: é o dia que se chama “hoje”. Ontem já passou. Amanhã não sabemos se será nosso. Então, é para hoje mesmo. Não é que seja tudo para hoje. Não daria. Nos deixaria exaustos e frustrados. É só para começar hoje. Só para tirar da prancheta. Neste que será o primeiro dia do resto de nossas vidas, faça alguma coisa. Não deixe que esse finalzinho de ano se torne improdutivo. Se tiver alguma coisa para resolver, que comece já.

Adiar sempre nos parece ser a melhor opção. Isso porque sempre achamos que vai haver um “depois”. Contamos que uma melhor oportunidade nos será concedida. É uma pena que nem sempre acontece. E como sempre tenho dito nesta coluna, a única coisa que você jamais consegue recuperar é o tempo perdido. Dinheiro, saúde, relacionamentos, tudo isso se ganha de novo. Mas tempo não. O que passou, passou. Nem mesmo os dezoito dias deste ano que mal começou podem voltar a acontecer. Por isso, se já começou errado, corrija enquanto é tempo. Quer dizer, não há mais tempo de corrigir. O lance é ter que usar o hoje melhor do que usou o ontem.

Remir o tempo, mandamento de Paulo apóstolo inspirado por Deus, é uma arte. É bem mais fácil gastá-lo mal do que bem. Todos nós, ricos ou pobres, cultos ou ignorantes, altos ou baixos, gordos ou magros, bonitos ou mais bonitos, brasileiros ou argentinos, recebemos a mesma cota todos os dias: 24 horas. São as mesmas, no Chile, no Havaí ou em Angola. Ninguém pode reclamar que lhe falte ou que alguém recebeu a mais. Só os mais sábios é que são capazes de fazer com que o mesmo período de tempo entre um dia e outro produza mais e seja mais digno de ter sido vivido. O que diferencia uma pessoa eficiente de outra não é o tempo que ela tem disponível, mas o que ela é capaz de fazer com ele.

Então, antes que fique tarde demais, dê um jeito na vida. Pare de dar desculpas e comece a ir atrás de soluções.