A revista Veja do dia 15 de agosto de 2001 relatou com ar de vitória a ocorrência do primeiro beijo homossexual da televisão brasileira. Aconteceu num programa apresentado pela modelo Fernanda Lima no dia 8 de agosto do mesmo ano. Veja abaixo um pedacinho da reportagem:

“…pela modelo Fernanda Lima. Na quarta-feira passada, o programa colocou no ar o primeiro beijo homossexual (e de língua) da televisão brasileira.”

Percebe-se, pela expressão entre parêntesis, que o beijo de língua é visto como uma modalidade especial de beijo e, nesse caso, tem uma conotação sexual. Significa um beijo malicioso, sedutor, íntimo, como se fosse um despertador dos instintos sexuais.

Tornou-se comum entre os adolescentes a moda do “ficar”, que quer dizer beijar na boca quantos caírem na rede, tendo-se a liberdade de passar pelo parceiro no outro dia como se nunca o tivesse visto antes. É uma curtição, sem compromisso, sem receios, sem preconceitos, sem cobrança.

Diante desse fato torna-se oportuno perguntar: o beijo na boca, um simples beijo, é pecado? Ao falarmos de pecado, muitas vezes pensamos apenas no plano físico, no plano da ação em si, contudo não se pode esquecer que o pecado também ocorre no plano emocional, no mental, e no aspecto intencional. É essa visão completa que está em vista.

Quando morava em Minas Gerais, dava aulas de Ensino Religioso para várias turmas de 5a a 8a séries. Certa vez, enquanto explicava que o Senhor Deus foi quem criou nosso corpo, fui interrompido por um aluno de uns treze anos, o qual levantou a mão e, no primeiro sinal de silêncio, detonou: “Pastor, beijar na boca é pecado? Antes que eu respondesse, ele emendou: “Se for…, sou o maior pecador da Lajinha!!”

Tal indagação parecia sincera. Ele estava incomodado com o fato de que era uma prática comum em sua vida de adolescente, e ele não via problemas, por isso questionava: “Como uma coisa tão boa poderia ser pecado?” Confesso que, a partir de então, comecei a pensar no assunto.

Será que o objetivo do beijo tipo “desentupidor de pia” é fazer um carinho sem malícia? Normalmente tem o objetivo de seduzir, despertar paixão, provocar o sexo oposto, enaltecer minha imagem como “predador”… É possível que alguém diga que no seu caso é sem malícia, mas como controlar o que o outro sente? Você pode estar levando o outro a tropeçar, pois talvez ele ou ela não seja forte como você, e isso possa prejudicar a sua consciência (Marcos 9:42). “Como o louco que lança fogo e flechas de morte, assim é o homem que engana seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira” (Provérbios 26:18-19).

A Bíblia diz que sem lenha o fogo se apaga (Provérbios 26:20). O beijo não funcionaria como lenha numa fogueira que, depois de acesa, é difícil controlar? Mas eu sou crente, tenho o Espírito Santo e por isso tenho também domínio próprio – diz o adolescente. Mas isso o autoriza a brincar com o perigo?

Creio que esses são questionamentos honestos e úteis para os adolescentes cristãos. Não há um mandamento: Não beijarás. Mas é necessário pensar nas implicações de um beijo sensual, para uma vida de santidade. Convém ainda lembrar que o nosso corpo é templo do Espírito Santo. E ainda, que “cada um saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus, e que nesta matéria, ninguém ofenda (defraude) a seu irmão, porque o Senhor é contra todas essas coisas… Porque Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação” (I Tessalonicenses 4:4-7).

Finalmente, se você quer continuar beijando todas ou todos, pode-se dizer que você é um adolescente “adolequente”. Se quer correr o risco de levar sua liberdade até as últimas conseqüências, provavelmente será um “aborrecente”, mas se resolver temer e obedecer a Deus, refletindo melhor sobre as suas ações a fim de tomar mais cuidado nessa área, então provará que é verdadeiramente um ADOLECRENTE. Que Deus te abençoe.