Marjorie Estiano – Música para adolescente sonhar

Tem músicas que entram nos ouvidos dos adolescentes e colam. A partir daí, eles começam a repetir frases das canções do momento, sem pensar no que elas significam. O que será que quer dizer: “Boladona, boladona, boladona”? Pra mim, é falta de vocabulário. E “martelar o martelão…”, o que será? Na verdade eles também não fazem a menor idéia! Coisa boa não deve ser!

A bola da vez chama-se Marjorie Estiano. Mas esse artigo não é uma crítica à sua pessoa, a qual tem qualidades profissionais inegáveis, e desejamos que um dia venha a conhecer a Cristo e seja salva. O objetivo é analisar aquilo que ela canta, e como isso pode influenciar negativamente os adolescentes cristãos.

Essa atriz e cantora de 23 anos pode ser desconhecida para muitos marmanjos, mas com certeza a galera adolescente sabe muito bem de quem se trata. Em entrevista recente, dada ao site Vaga-lume, a jovem atriz de Malhação foi interrogada sobre qual era o seu tipo de música preferida, ao que ela respondeu: “não tenho um tipo especial, mas gosto das que sugerem sensações e imagens.” Na verdade, ouvi seu nome pela primeira vez numa rodinha de adolescentes (e ultimamente me interesso por tudo que eles falam ou fazem) e isto motivou a construção das idéias apresentadas neste artigo.

Percebemos pela afirmação citada que por trás de uma música existe uma proposta, uma sugestão, coisas que merecem uma avaliação criteriosa por parte dos cristãos. Sensações e imagens são transmitidas no repertório secular de músicas para adolescentes, escondendo uma perigosa apologia à sensualidade, ao toque, à experiência sexual, à paixão, à liberdade, ao flerte.

Isso é perceptível na letra abaixo de autoria de Marjorie Estiano:

    Quando te vejo, espero o teu beijo
    Não sinto vergonha, apenas desejo
    Minha boca encostei e tua boca sente
    Meus olhos eu fecho
    Mas os teus estão abertos
    Tudo bem se não deu certo
    Eu achei que nós chegamos tão perto…

Em shows freqüentadíssimos, adolescentes deliram ao ouvirem a repetição constante das palavras: “Tudo bem se não deu certo…. Eu achei que nós chegamos tão perto…” A sugestão é que tudo é passageiro, e se não der certo, tudo bem, vamos partir pra outra. É a filosofia do ficar. Mas há também uma perigosa frase de duplo sentido: “Eu achei que nós chegamos tão perto…”, que pode significar tão perto da felicidade, ou tão perto do clímax sexual. Vale lembrar, que por causa da liberdade excessiva pregada pela sociedade moderna, muitos adolescentes têm de fato chegado cada vez mais perto, nas carícias, nas experiências, e muitas vezes, perto demais para voltar, perto demais para pensar, ou para lembrar-se dos valores cristãos aprendidos na Palavra de Deus, e por isso, inevitavelmente mais perto do abismo.

Outra música que a jovem cantora interpreta chama-se “A fórmula do amor”, e diz:

    Eu tenho o gesto exato, sei como devo andar
    Aprendi nos filmes
    pra um dia usar
    Um certo ar cruel de quem sabe o que quer
    Tenho tudo planejado pra te impressionar
    Luz de fim de tarde, meu rosto em contra-luz
    Não posso compreender,
    Não faz nenhum efeito a minha aparição.
    Será que errei na mão?
    As coisas são mais fáceis na televisão.

É fácil perceber o incentivo para que os adolescentes façam como se vê nos filmes para conquistar seu grande amor, e ainda que assistam mais TV, para descobrirem a fórmula do amor. Assim, eles não devem buscar o modelo de comportamento na Bíblia, mas nos filmes e na televisão. Tal estímulo é, no mínimo, perigoso.

Alerta-se ainda que o mal de entregar-se ao hábito de ouvir e curtir músicas do mundo está no fato de que elas são feitas para fazer você sonhar, desejar, adotar o padrão aceito pela maioria, e estimular a liberdade para se deixar envolver por uma paixão sem limites.

Ao contrário disso, a Bíblia nos diz: “Foge das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé e o amor, com os que, de coração puro, invocam o Senhor” (2 Tim 2:22).

Há ainda o perigo da idolatria, pois depois de estar fascinado pelo cantor, e pelas suas músicas, o adolescente tem a tendência de idolatrá-lo, ao ponto de gritar e descabelar-se ao vê-lo em cena, de brigar para que ninguém troque de canal, de imitar seu jeito, sua voz, seu estilo, suas roupas, e pior, suas idéias mundanas.

Decorar versículos é dificílimo, mas memorizar os ritmos, arranjos e letras do que rola na TV é mole. O que fazer? Pode a mesma boca que louva ao Senhor, cantar tudo que aparece? A mente renovada por Cristo pode estar cheia de letras sensuais e insinuantes que transmitem sensações, desejos e imagens carnais?

Pergunto ainda, não deveríamos julgar o que cantamos? Paulo disse aos coríntios: “… cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente” (I Cor 14:15), e a isso podemos acrescentar a pergunta de Tiago: “Acaso pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargo? Pode a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Tampouco fonte salgada pode dar água doce. (Tiago 3:11-12). De uma só boca procede bênção e maldição. E como disse Tiago, “Meus irmãos, não é conveniente que essas coisas sejam assim” (Tiago 3: 10).