“Na minha adolescência eu era um dos principais da mocidade da igreja, mas acabava a reunião, eu ia com a turma para a Carlos Botelho (Rua dos bares em Piracicaba) e ali rolava de tudo, achava aquilo o máximo! Mas O Senhor me fez ver que eu estava desperdiçando o meu tempo.” (D.S. – hoje com 25 anos, um servo fiel)

Parece surpreendente. Mas é cada vez maior o número de adolescentes e jovens que saem das reuniões de sábado ou domingo à noite e vão direto pras baladas. Eles exibem uma ansiedade incomum para que a reunião acabe depressa. Olham para trás constantemente, como que mais preocupados com a turma do que com a mensagem. Mandam e recebem bilhetinhos secretos durante as reuniões. Estão agitados e cochichando entre si. Brincam com o celular, como que esperando que ele toque a qualquer momento, para o acerto dos últimos detalhes. Para eles a igreja é apenas um ponto de encontro da galera que vai esticar a noite!!! Saem freneticamente como que para ir ao banheiro, mas na verdade, tal saída estratégica é um código para que a pessoa certa saia também, a fim de combinarem como será a “bardrugada”.

Se você estranhou essa introdução, deve ter pensado: Mas irmão, você não escreve para adolescentes cristãos? Entre os nossos, isso não acontece! Eu pergunto: Será?

A intenção é despertar os que têm compromisso sério com Cristo a não acompanharem a turma do “oba-oba”, que faz tudo isso, bem debaixo do nosso nariz semanalmente, e muitas vezes nem percebemos. Além disso, queremos mostrar que as reuniões podem e devem ser apreciadas com santo temor por todos, inclusive pelos mais novos.

Quando nos reunimos, o Senhor Jesus, majestoso, bondoso, amoroso, fiel, e temível, está presente. Isso deveria ser motivação suficiente para que nos deliciássemos nas reuniões da igreja. A mensagem poderosa para transformar nossas vidas é pregada, sob orientação do Espírito Santo, renovando a esperança dos preocupados, restaurando a alma dos que sofrem, ministrando encorajamento e poder aos nossos corações. A comunhão com nossos irmãos pode ser sentida de perto e de forma prática, e é ali que recebemos material espiritual para ajudar os que amamos. Além disso, ali oramos uns pelos outros, em obediência à Palavra do Senhor, a qual nos ensina a depender do Senhor em tudo e a praticar a intercessão. Ali, pessoas se abraçam, choram, se perdoam, se aconselham, se edificam mutuamente.

Como alguém pode estar indiferente a todo esse processo abençoado? Como a comunhão do mundo pode ser mais apreciada do que uma ou duas horas naquele ambiente divino? O que pode haver nos bares e nas baladas que supra as necessidades espirituais do ser humano?

Numa ocasião, ao chegar no estúdio onde eu tinha um programa de rádio, ouvi uma música que dizia de um tal “crente Raimundo”, que tinha um pé na igreja e outro no mundo. Era um personagem esquisito, pois quando estava com a igreja, ele queria se parecer com um crente, e na companhia do mundo ele queria parecer alguém do mundo. Ele é o retrato escrito dos adolescentes que tentam viver uma vida de duplicidade, como se fosse possível servir a dois senhores. Não convém que seja assim.

Querido adolescente, gostaria de avivar sua memória com algumas verdades importantes da Palavra de Deus: Em primeiro lugar, devo dizer que “as más conversações corrompem os bons costumes” ( I Cor 15: 33). Significa dizer que, ao procurar companhias erradas, sou influenciado com assuntos errados, filosofias erradas, recebo os convites errados, e isso acaba tirando de mim os bons costumes, que são os valores éticos aprendidos na educação cristã. Em segundo lugar, a Bíblia pergunta: “Que comunhão pode haver da luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e o Maligno? Ou que união entre o crente e o incrédulo?” (II Cor 6:14-15). Essas coisas não combinam, são opostas entre si, e o adolescente deve escolher a qual delas se dedicará.

Vale mencionar ainda a indignação com que o Senhor Jesus advertiu os fariseus: “Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mat 15:7-8). A palavra “hipócrita” usada por Jesus pode ser traduzida como aquele que usa uma máscara. O Deus que ama a sinceridade e a verdade tem interesse extremo em que o adoremos em espírito e em verdade, por isso é preciso alertar os jovens e adolescentes para que levem a sério as coisas espirituais e assumam um compromisso real com o mestre.

Deus não quer adolescentes mascarados. O desejo do Senhor é que sejam autênticos servos comprometidos com Ele. O compromisso com Deus é coisa séria. Os que querem agradar a Deus e ao mundo, decepcionarão aquele que lhes dedica todo amor. Por isso, é preciso que os nossos adolescentes ponham os joelhos em terra, chorem diante do Senhor por causa da leviandade, reconheçam que o mundo não vale a pena, confessem seus pecados cometidos por brincar com Deus, e entendam que devem ser honestos, puros, e verdadeiros, rejeitando a ilusão do mundo. Só assim serão pessoas que foram transportadas da balada para a igreja e não vice-versa.