Análise: Westworld

Ano após ano a programação televisiva tem sido tomada pelas séries. Apesar de não ser algo novo, o formato aos poucos tem tomado conta do tempo e coração de muita gente, o que dá pra entender. Assim como a história de um filme nos envolve, séries têm o poder de fixar raízes em nós e se espalhar em nossos relacionamentos. Quem nunca se percebeu discutindo um episódio entre amigos?

Westworld, para quem não sabe, é uma das superproduções que vem para ser a nova série-mãe da TV ocidental nos próximos anos. Sucessora natural de Game of Thrones na HBO, que tem seu fim quase inevitável profetizado para essa década, ela teve um investimento de cerca de US$100 milhões de dólares para sua temporada de estreia, contando com estrelas do primeiro nível do cinema mundial, como Anthony Hopkins e Ed Harris, além de ser encabeçada por Jonathan Nolan e J.J. Abrams.

A série se passa em um mundo aparentemente futurístico, onde existe um parque que emula os anos 70 e você pode curtir um tempo por lá e fazer o que vier na cabeça. Sim, tudo o que quiser. Por ser um parque feito de androides, você pode dançar com eles, conversar, brigar e até mesmo matá-los pois isso não irá gerar consequências para você. Dizem que lá o nosso real eu é encontrado. Só há um problema: Com o passar do tempo, percebe-se que os robôs não estão simplesmente vivendo suas vidas, mas divagando sobre elas. Quais implicações trazem máquinas com aparente consciência?

Esse é o ambiente da série. Através de muito sangue e filosofia em modo western, a trama traz debates interessantes sobre os avanços tecnológicos e, por que não, assuntos mais pesados como metafísica e existencialismo. Talvez esse seja o ponto mais difícil para um cristão escrever ou debater sobre a série. Difícil porque envolve aquele medo da maioria: e se o controle de Deus é apenas uma criação humana, que pode ser subvertida?

Não quero me ater a esse contexto especificamente, mas dividi-lo. Podemos escolher dois lados: nos colocarmos entre os criadores do “parque da vida”, ou entre os robôs, que podem ter seu controle próprio. Dessa forma, ser cristão é como aceitar sua condição de criatura, acreditar que existe um controle soberano, e segui-lo fielmente, enquanto negar a existência de Deus passa a ser uma atitude natural dos anfitriões – como os androides são conhecidos na série.

A própria Bíblia diz em Ecleasiastes 3:11 que “Ele fez tudo apropriado ao seu tempo. Também colocou no coração do homem o desejo profundo pela eternidade; contudo, o ser humano não consegue perceber completamente o que Deus realizou.” Como humanos, não temos o discernimento completo da criação de Deus, por mais que esse seja nosso desejo. Como anfitriões dessa terra pútrida, temos uma visão esparsa e mal-feita do tamanho e aplicação que o Universo tem. Podemos, sim, querer sair dessa redoma que vivemos e optar por ter uma vida própria e guiada pelos nosso passos. Porém já sabemos o fim que nos espera, e nem é preciso ser cristão para saber disso, conforme João 3:18: “Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus.”

Podemos escolher dois deuses no Westworld da vida real. Podemos escolher o nosso eu, sendo guiados por nossos instintos e desejos, sem ter qualquer noção ou sentido para o qual caminhar, ou optar por aquele que é soberano e que muita gente fala sobre, mas que só conheceremos se dermos um passo além. Escolher a segunda opção não significa que as coisas serão fáceis, mas dá a certeza de estar caminhando para um destino delineado, mesmo sem ver os trilhos sob seus pés.

Em tempos onde especialistas ousam acreditar que vivemos em uma Matrix ou numa simulação computacional, nós, como cristãos, optamos pelo simples. Deus criou um parque que respeita seus próprios desígnios, e nos colocou lá. Falhamos e nos voltamos contra Ele, mas de bom grado Ele nos deu uma saída, através de Jesus. Sua morte espontânea pagou a dívida de corrupção que há sobre todos os viventes. E agora, vivendo essa liberdade provinda de sua morte, contamos os dias para que possamos nos encontrar com nosso Criador.

Esse é nosso maior anseio! Entender as engrenagens da vida, diretamente com quem nos criou, tal qual é visto no trailer da série. Se é difícil demais para você entender o Cristianismo, te desafio a assistir a primeira temporada da série e, após ela, reler o parágrafo anterior. Me coloco à sua disposição para falar sobre isso, caso apareçam dúvidas.

A série é uma das boas coisas que aconteceu em 2016. Aproveite que a próxima temporada virá apenas em 2018. Até lá teremos tempo para debulhar ainda mais todo esse conteúdo.

Nota de irmaos.com: a série é uma produção do canal HBO e, como é o estilo do canal, possui muitas cenas de nudez e violência. Por mais que essas cenas não sejam erotizadas e façam sentido dentro da história que está sendo contada, a série não é recomendada para menores de 18 anos ou para pessoas que não desejam ter acesso a esse tipo de conteúdo.