Quatro Vidas de um Cachorro

É tradição os cinemas exibirem filmes sobre cachorros. E está constatado que é impossível não ser cativado pelos filmes dos melhores amigos do homem, o cão. A sétima arte já nos apresentou belos e emocionantes exemplares, como Marley e Eu (2008) de David Frankel e Sempre Ao Seu Lado (Hachiko: A Dog’s Story, 2009) de Lasse Hallström, mesmo diretor desse Quatro Vidas de um Cachorro (A Dog’s Purpose, EUA, 2017), que adora fazer o público chorar no cinema.

No filme, que assume já em seu poster que todo cachorro existe por uma razão, um cão morre e reencarna várias vezes na Terra. Embora encontre novas pessoas e viva muitas aventuras, ele mantém sempre o sonho de reencontrar o seu primeiro dono, Ethan  (Bryce Gheisar), seu maior amigo e o grande amor de sua vida quando em 1961, o adotou e o batizou de Bailey. Esta relação toma a maior parte da trama, pois é a que realmente importa. A primeira vida, que foi rápida graças à carrocinha, e a terceira como uma pastor alemão policial só serviram para dar a experiência necessária para farejar seu dono, um já velho e ranzinza Ethan (Dennis Quaid) anos depois em sua quarta vida.

O filme propõe inclusive um debate filosófico ao questionar “Qual é o sentido da vida?” Essa pergunta é feita pelo próprio cachorro em voice off logo na primeira cena. Essa questão ronda a mente de muitos que levam uma vida sem sentido. Compartilho então o meu sentido de vida, que tem nome e sobrenome: Jesus Cristo. Foi ele quem criou a vida e veio ao mundo e viveu entre nós ao ponto de vencer a morte e nos dar a vida eterna. Somente conhecendo Jesus é possível saber o sentido da vida. Na bíblia, encontramos facilmente respostas para estas perguntas existenciais, tais como: Quem sou eu? De onde venho? O que estou fazendo aqui? Pra onde vou?

Voltando ao filme, que esteve envolvido numa polêmica de boicote por supostamente ter submetido os cães atores a maus tratos, mas repito o que costumo dizer, boicote, como os que cristãos costumam fazer, só servem pra divulgar ainda mais o filme. Aqui vemos o tema da reencarnação sendo tratado. Embora eu não acredite em reencarnação humana, muito menos numa reencarnação animal, o título brasileiro do filme só reforça essa visão espírita que nem é o foco central do filme. Não é de hoje que temos problema de tradução de título… O nome ideal, seria a tradução literal, O Propósito de Um Cão, que venderia muito melhor o tema central para os amantes de filmes caninos, que por sinal é baseado no homônimo best-seller A Dog’s Purpose de W. Bruce Cameron.

Destaco a trilha sonora de Rachel Portman, a mesma que fez a bela trilha de Um Dia (One Day, 2011) de Lone Scherfig, com algumas canções clichês como Hey! Baby de Bruce Channel, How Deep Is Your Love dos Bee Gees e outras que nos remetem a bons momentos e combinam com o clima agradável do filme que tem alguns problemas de roteiro, mas que não devem ser levados a sério pra quem quer relaxar vendo um típico filme sessão da tarde. Incomoda apenas a câmera no chão, dando ao espectador a visão do cachorro… Nunca tive vontade de ser um cachorro, apenas de possuir um, de modo que a perspectiva do cão não acrescenta muito a trama, que no fim das contas acaba cativando e emocionando sem o sentimentalismo barato, mas com um produto simples, transmitindo a mensagem do Carpe Diem, para aproveitarmos cada momento de nossa existência.