Fora de rumo

Qual o pior defeito que um filme de suspense pode ter? Não deixar ninguém em suspense. Pois é exatamente este o grande problema de Fora de Rumo: sua absoluta previsibilidade.

Tudo começa quando o bem sucedido executivo Charles (Clive Owen) perde o costumeiro trem que toma todos os dias para o trabalho. Obrigado a esperar pelo próximo horário, ele acaba conhecendo uma passageira, Lucinda (Jennifer Aniston), também executiva, bela mulher com ares de femme fatale. Papo vem, papo vai; trem vem, trem vai, Charles e Lucinda vão parar numa cama de hotel. Como ambos são casados (com parceiros diferentes, claro), já sabemos que o crime deverá ter castigo. Afinal, é um filme de um grande estúdio americano. E a punição vem sob a forma de um violento assaltante (o francês Vincent Casell), que descobre o duplo adultério e o utiliza como instrumento de chantagem.

Para quem gosta do gênero, o desenvolvimento da trama e todos os seus desdobramentos são facilmente previsíveis, mas o filme não deixa de ser empolgante. Algumas coisas não são muito críveis, como a reincidência do crime. Você acha que eles fariam tudo do mesmo jeito novamente?

Mas o que mais incomoda é a infidelidade, como aconteceu em Ponto Final, nosso último filme comentado. É impressionante como esse tema é cada vez mais comum e, apesar do castigo que os protagonistas recebem, a naturalidade da coisa deixa qualquer pessoa com uma sensação de terror, mais do que a ação dos próprios criminosos.