São duas e dezoito da manhã. Pai e mãe dormem profundamente na penumbra feita pela luz do abajur, a única acesa. O trinco da porta do quarto do casal dá uma volta silenciosa. O ranger lento da porta anuncia a entrada de um invasor que se aproxima concentrado, lento, com respiração ofegante, e passos calculados. Seus olhos esbugalhados revelam algo sinistro, e ao levantar a mão direita, percebe-se que ela está segurando uma faca de cozinha. Na parede, sua sombra forma uma cena macabra. É o filho adolescente, pronto pra desferir o golpe final nos dormentes progenitores. Inesperadamente, sem querer, ele esbarra na cama, e então, antes da tragédia, num movimento assustado e rápido, a mãe pressentindo a presença de alguém, levanta-se pálida, de um salto, com uma pergunta engasgada: Que é isso?!!!!

Ufa, que alívio!!! É apenas o Juninho. Ele deve ter tido pesadelo de novo, por causa dos macabros jogos de vídeo–game que vêm ocupando seu tempo nos últimos dias.

Que bom seria se isso fosse uma ficção, mas uma cena semelhante aconteceu de verdade com uma família que conheço. O menino estava impregnado com as cenas nefastas dos games violentos e infernais. Ultimamente ele brigava para ficar horas e horas diante do desafio cibernético de derrotar o príncipe das trevas, com o punhal encantado. Isso me faz lembrar de um dito popular muito usado entre os cristãos: “mente vazia, oficina de Satanás”.

A era do video-game está no auge. Lan-houses são invadidas por adolescentes que vibram com grande entusiasmo ao “matar o monstro”! Quem dera tivessem a mesma empolgação para o estudo da Bíblia!

Eles não percebem que já está na hora do almoço, aliás, quem é que sente fome se uma alma sinistra quer detonar a sua vida? Deuses estranhos são exaltados como superpoderosos, fantasmas reencarnados representam a força do bem ou do mal, o desejo de ver sangue torna um adolescente cristão num assassino virtual!

Em minha pesquisa encontrei um game chamado “O sombrio – a voz das almas”, no qual um livro poderoso denominado “sinistro sapiens” amaldiçoa os que o lêem, os quais devem lutar para apagar a maldição. Isso não é um franco antagonismo ao Livro dos Livros que abençoa a todos quantos o lêem (Ap 1:3)?

Não podemos negar que os jogos podem ser didáticos e pedagógicos, podendo até nos ensinar importantes lições espirituais, mas na maioria das vezes incutem pensamentos malignos na mente dos nossos filhos e dos adolescentes em geral, pois todas aquelas imagens e sons ficam armazenadas em seus subconscientes, podendo fasciná-los, levando os mesmos a desejarem pôr em prática aquela estratégia impiedosa vivida na ficção. Com a cabeça cheia de mitos, não conseguem dormir, não conseguem se concentrar nos estudos, e vivem com medo até da sombra.

Pergunta-se: E o tempo com a Bíblia? E os valores espirituais? E o envolvimento com a igreja? E o crescimento espiritual? São deixados de lado para uma dedicação integral aos vídeo-games.

Sendo um entretenimento inevitável em pleno século da tecnologia, o que fazer?

Faça uma pré-seleção desses jogos, de forma que os escolhidos não venham ferir os princípios bíblicos. Geralmente, pelo título do jogo já dá pra deduzir, mas convém que se faça uma leitura da sinopse do jogo, e melhor ainda, que se peça a um adulto cristão que dê o seu parecer.

Ainda, não se deixe dominar pela emoção. Há jogos emocionantes, mas que exaltam as forças do inferno. É preciso cuidado. Tenha em mente a Palavra de Deus e julgue você mesmo se convém gastar inteligência, tempo e energia emocional, numa história que divulga filosofias e idéias contrárias a Deus.

Dê preferência a games que exijam raciocínio, que testem conhecimentos, e que não tenham diabos, espíritos, superstição, mágica, e assassinatos. Tenha como lema I Cor 6:12 para saber discernir com equilíbrio o que é lícito e o que convém.