Livre-se do remorso (1)

Você tem uma. Uma sacola. Uma sacola feita com material resistente. Talvez você não esteja ciente disso, talvez nunca o contaram sobre ela.

Pode ser que você não se lembre dela. Mas foi dada a você. Uma sacola. Uma sacola feita com material resistente, áspera e desconfortável.

Você precisava da bolsa para poder carregar as pedras. Rochas, pedras grandes, pedras pequenas. De todos os tamanhos. De todas as formas. Todas indesejáveis.

Você não as pediu. Você não procurou por elas. Mas deram-nas para você.

Não se lembra?

Algumas eram pedras de rejeição. Você recebeu uma quando você não passou no teste. Não foi por falta de esforço. Só o céu sabe quanto você treinou.

Você pensou que fosse bom o suficiente para o time. Mas o técnico não. O treinador não. Você pensou que fosse bom o suficiente, mas eles disseram que não era.

Eles e quantos mais?

Você não tem que viver muito antes de ter uma coleção de pedras. Tenha uma nota baixa. Faça uma má escolha. Faça uma bagunça. Seja chamado de alguns nomes. Seja ridicularizado. Seja maltratado.

E as pedras não param na adolescência. Enviei uma carta esta semana a um homem desempregado que foi rejeitado em mais de cinqüenta entrevistas.

E então a sacola fica pesada. Pesada com pedras. Pedras de rejeição. Pedras que não merecemos.

Olhe para dentro da sacola e você vê que nem todas as pedras são de rejeições. Há um segundo tipo de pedra. A pedra do remorso.

Remorso pela vez que você perdeu a calma.

Remorso pela vez que você perdeu o controle.

Remorso pelo momento que você perdeu seu orgulho.

Remorso pelos anos que você perdeu sua prioridade.

E até remorso pela hora que você perdeu sua inocência.

Uma pedra atrás de outra, uma pedra de culpa atrás de outra.

Com o tempo a sacola fica pesada. Ficamos cansados. Como você pode ter sonhos para o futuro quando toda a sua energia é necessária para agüentar o passado?

É de se esperar que algumas pessoas pareçam infelizes. A sacola torna o passo mais lento. A sacola irrita. Ajuda a explicar a irritação em tantos rostos, a diminuição em tantos passos, o peso em tantos ombros, e acima de tudo, o desespero em tantos atos.

Você é consumido fazendo o que quer que seja preciso para ter um pouco de descanso.

Então você leva a sacola para o trabalho. Você resolve trabalhar muito para esquecer a sacola.

Você chega mais cedo e fica até mais tarde. As pessoas ficam impressionadas. Mas quando é hora de ir para casa, há a sacola – esperando para ser carregada.

Você leva as pedras para a happy hour. Com um nome como esse, deve trazer alívio. Então você coloca a sacola no chão, senta no banco, e bebe um pouco. A música fica alta e sua cabeça fica leve. Mas depois é hora de ir embora, mas você olha para baixo e lá está a sacola.

Continuação

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com