Autoridade espiritual

Há algum tempo trabalho no ministério de música na igreja. Essa obra me dá muita alegria, porém, a ela tem sido dada uma valorização exagerada em relação aos outros serviços cristãos. Algumas igrejas até se referem a esse ministério como “ministério de adoração”, o momento de cânticos é chamado “momento de adoração” e os músicos são desafiados a conduzir a igreja em adoração. Porém, o relato bíblico em João 4:1 a 30 (Mulher Samaritana) nos mostra que não existe adoração sem conhecimento de quem é Deus e que a adoração é um ato pessoal que não pode ser induzido por uma situação.

Essa bem conhecida história tem alguns detalhes importantes. Nela, Jesus faz um pedido simples à mulher: “Dá-me de beber”. Porém, envolvida por uma cultura de preconceitos, ela responde que Jesus não podia pedir água a um samaritano (ela) sendo judeu. Jesus começa então a trabalhar o conceito de adoração e responde “Se você me conhecesse não diria isso”. Posteriormente, Jesus oferece a Água da vida e a mulher aceita meio sem entender do que se tratava. Curiosamente, antes de Jesus dar da tal água, pede para a mulher chamar seu marido.

Imagino que esse pedido de Jesus deve tê-la deixado bem encabulada, tanto que ela diz: “Então Jesus, não vai dar para chamar meu marido porque eu não tenho marido…” (minha adaptação). Jesus diz: “É, um marido você não tem porque já teve cinco e o que vive com você hoje não é seu marido”. Certamente, a mulher deve ter pensado: “… como Jesus descobriu tantos detalhes da minha vida?”, porém, ao invés de se abrir, preferiu dar uma resposta espiritual: “Vejo que és profeta… e, por falar nisso, onde eu devo adorar, em Jerusalém ou neste monte?” Ela escorregou igual a um quiabo quando percebeu com que tamanha profundidade Jesus a conhecia e assim como muitos “adoradores” de hoje, usou a potente máscara da espiritualidade para se esconder de Jesus.

Mas não adiantou. Jesus encerra o assunto dizendo o que realmente ela (e nós também!) precisava ouvir: primeiro cuide de conhecer o Pai porque daí a adoração verdadeira não escolherá lugar para acontecer. Assim como a ela, o que falta para quem quer adorar de forma verdadeira é conhecer a Deus, saber no que implica aceitar a água da vida, entender que Ele conhece o que fomos, somos e seremos e, principalmente, que Jesus não dá a mínima para espiritualidade barata.

Por isso, não tente impressionar a Deus! Ele não é um musicista interessado na sua composição, nem um diretor de cinema procurando um artista, muito menos um candidato à presidência interessado na sua eloqüência. Ele é nada mais nada menos que o grande Deus buscando adoradores de verdade e de espírito, não de fachada!

Lembre-se: é impossível falsificar vida cristã diante de Cristo, mesmo que seja muito fácil fazê-lo diante de homens desavisados. Que isso produza temor em nós!