A Casa Monstro

Os bem-sucedidos produtores Robert Zemeckis e Steven Spielberg, que de bobos não têm absolutamente nada, também estão de olho no lucrativo mercado de desenhos animados de longa-metragem. Eles levantaram um investimento de US$ 75 milhões e produziram A Casa Monstro, um filme de suspense protagonizado por crianças, teoricamente direcionado ao público infanto-juvenil, mas que também pode assustar muitos marmanjos.

A história mostra três crianças descobrindo um segredo que nenhum adulto acreditaria: a estranha casa de um vizinho rabugento não apenas é mal-assombrada, como também é um monstro com vida própria. Até aí, tudo bem para começar uma trama infantil. O problema é que o filme vai assumindo contornos cada vez mais densos, assustadores até, e culmina com uma triste história de amor e morte que talvez desagrade às crianças. Principalmente as mais jovens. Por vezes, tenta ser lúgubre e um pouco gótico, no melhor estilo “quero ser Tim Burton”, mas não abre mão da aventura, marca registrada de Spielberg, e acaba emperrando num perigoso e indefinido meio termo. Talvez por isso não tenha recuperado seu investimento nas bilheterias dos EUA, onde rendeu menos que US$ 70 milhões.

Definitivamente não é um filme que agrada às crianças e, como os adolescentes não têm coragem de admitir que gostam de filmes de animação, o público tem sido de adultos que, se conseguem lembrar um pouco de suas infâncias e tiverem a sensibilidade para observar as sutilezas artísticas e , vão conseguir se identificar com aqueles pré-adolescentes enfrentando os seus maiores medos e descobrindo que já são “quase-adultos” e se apaixonar pela linda estética construída por Zemeckis com detalhes que beiram à perfeição em tomadas dignas de grandes produções holliwoodianas.

Depois do O Expresso Polar, dirigido por Zemeckis, “A Casa Monstro” é o segundo longa produzido em “Real D”, um sistema de captura de movimentos através de atores, e posterior reprodução em animação digital.