Questão de Escolha

Apesar de algumas situações inacreditáveis e de uma dublagem que compromete o filme, fiquei satisfeito em ver mais um filme cristão no cinema, abordando o importante tema do adultério pouco tempo depois de Deus Não Está Morto (God Not is Dead, 2014) também ser exibido na tela grande e produzido pela Pure Flix. Dirigido pelo estreante David A. R. Whrite, que também participa do filme, e que interpretou o pastor em Deus Não Está Morto.

O filme se concentra na história do empresário do ramo de segurança da informção Paul Tyson (Ted McGinley), um marido amoroso, pai dedicado e homem de grande prestígio na sua comunidade. Ele está prestes a comemorar aniversário de 20 anos de casamento, e está com dificuldade em fazer a renovação dos votos, pois está prestes a fechar o maior negócio de sua carreira quando conhece Julia (Ana Ayora, belíssima atriz colombiana), uma sedutora representante de uma empresa brasileira que recebe a incumbência de verificar as demonstrações financeiras e informações referente a empresa americana. Ela procura inclusive informações sobre o Projeto Jericó, que no teste final foi hackeado por um tal de JOS620, que na verdade é uma referência a Josué 6:20 que diz Quando soaram as trombetas, o povo gritou. Ao som das trombetas e do forte grito, o muro caiu. Cada um atacou do lugar onde estava, e tomaram a cidade. Uma interessante referência a proteção que os muros de Jericó davam à cidade.

Paul se sente atraído por essa bela mulher e comete adultério, embora não chegue às vias de fato. A bíblia deixa isso claro em Mateus 5:27-28 “Vocês ouviram o que foi dito: Não adulterarás. Mas eu digo: Qualquer que olhar para uma mulher e desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração”. À medida que as pressões da empresa aumentam e os sentimentos por Julia tornam-se mais intensos, seus princípios cristãos são colocados à prova. A história é contada, para a pessoa que está sentada ao lado de Paul, enquanto ele está em viagem para o Brasil. Essa pessoa, na verdade é um pastor, que ao invés de falar de Deus, apenas recomenda que Paul visite a Igreja Internacional da Graça de Deus, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. A dublagem da cena com o taxista é cômica, pois ambos estão falando em português devido a bendita dublagem e não se entendem… Custava exibir uma cópia legendada? A dublagem dos personagens principais não incomoda, a de Júlio Chaves está excelente, mas a dos coadjuvantes chega a ser irritante…

R. R. Soares merece meu respeito. É o único pastor brasileiro a ter uma participação especial no cinema! Isso não significa nada, haja visto que uma participação desse porte pode ser comprada num contrato da Graça Filmes do citado pastor, que produz o filme. Ainda assim merece, no mínimo, respeito. A cena com sua participação mostra a revelação divina na vida do Paul. O pastor fala à plateia, e encontra terra fértil no coração do angustiado Paul. Ou seja, o cara sai dos EUA, abandona a família, a empresa e vem ter um encontro com Deus no Brasil, através do midiático pastor. É sério que eu vi isso no cinema? Alguém me belisca… A trilha sonora é boa, especialmente a participação da banda banda All Things New. Segue clipe musical com cenas do longa:

Enfim, voltando ao tema principal do longa, a Bíblia relata em Hebreus 13:4 que o casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros. Infelizmente a instituição do casamento tem sido atacada de todas formas. A cena com o terapeuta, mostra a realidade do mundo em que vivemos, onde nada é errado. Se sentir atraído por outra mulher é natural, errar é humano, etc e tal… Assim, muitos valores são distorcidos e o inimigo de Deus vai ganhando território. A traição é mostrada no filme na vida de outro casal…

O filme poderia ter um roteiro bem mais elaborado. Não precisaria ser tão didático, pois acaba limitando muito o seu público. Sonho em ver filmes feitos por cristãos, com alta qualidade, com roteiro elaborado e sem ser tão maniqueísta. Aplausos para a moral que apresenta valores como honestidade e lealdade. Eu fico satisfeito, por ser cristão e fazer parte do público desse filme, mas um não cristão, não vai curtir esse filme devido suas limitações e pragmatismo religioso, de literalmente viver a palavra de Deus. Não condeno que isso seja mostrado, só espero que surjam filmes que expandam essa ideia. Sem falar que o filme corrobora com o estereótipo cristão que a sociedade tem daqueles que seguem a Jesus. Então, recomendo este filme apenas para os cristãos. Nota: 7,0/10,0.

Encerro este comentário citando a carta aos Gálatas 5:16-17 onde Paulo afirma: Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.