Mefibosete

Eu cheguei até aqui, mas sei foi graças a Deus,
Que exalta o oprimido e cuida do povo seu,
Com tanta fidelidade, tanto amor e tanto zelo,
Que de mim nunca se esqueceu!

Nasci condenado à morte, debaixo de maldição,
E ainda muito cedinho, ela cruzou meu caminho com uma baita infecção.
Mamãe ouviu do doutor: – Sinto muito, acabou, leve ele e seja forte,
Esse menino é defunto, pra cidade dos pés juntos, não terá ele outra sorte!

Fui crescendo aqui e ali, depois que Deus me curou,
E o doutor disse sorrindo: – O bichinho ressuscitou!
Comia o dia que dava, do que o meu pai ganhava ou do que mamãe arrumou!
Bebi de todas as águas e afogando minhas mágoas, tornei-me o homem que sou!

O sofrimento fez parte da minha vida inteira,
E pra aprender a ser homem desconheço outra maneira!
Apanhei de pai e mãe, da vida e até de Deus,
Que ama e disciplina aquele que é filho seu.
Mas que não descuida nunca do pardal ou dum cão morto e imprestável como eu!

Hoje estou bem casado, e julgo ter enricado com o tanto que sou e tenho!
Felicidade na vida para refrescar a lida é rara de onde venho!
Mas Deus me deu abundância, e o riso das crianças me faz voltar ao passado!
Com certeza hoje eu seria, ossos numa tumba fria não fosse Deus do meu lado!

Essa é a minha história, até aqui seu doutor!
Mas se estou vivo e lhe conto é porque não acabou.
Ainda espero o dia em que enfim minha alegria irá se concretizar!
E com os olhos abertos, eu verei Jesus de perto e irei com ele morar!

E assentado com seus filhos, na santa ceia do céu,
Vou me gloriar pra sempre na graça do nosso Deus
Que ama e disciplina aquele que é filho seu.
Mas que não descuida nunca do pardal ou dum cão morto e imprestável como eu!

Para ruminar vida afora:

“Morava Mefibosete em Jerusalém, porquanto comia sempre à mesa do rei. Ele era coxo de ambos os pés” IISamuel 9:13.