Happy Feet – O Pingüim

O título original do filme é apenas Happy Feet, mas temos que concordar que não pegaria bem traduzirem por Pé Feliz, então foi razoável colocarem o subtítulo O Pingüim, já que o brasileiro precisa se identificar com o título do filme (pelo menos é isso que as distribuidoras dizem).

Antes de mais nada, leia com bastante atenção a frase a seguir: ESTE NÃO É UM FILME PARA CRIANÇAS. Não que eu não levaria meu filho para assistir (se tivesse um, claro), mas não é um simples filme para deixar seus filhos entretidos por uma hora e meia. Se resolver levá-los, será de grande importância um papo com eles ao final da sessão para eles absorverem as lições presentes em toda a exibição. E são muitas.

“Happy Feet” nos ensina a lidarmos com as diferenças e foi impossível não lembrar do ambiente que vivemos em que elas são mais visíveis: a igreja. No filme nós conseguimos entender que a diversidade é uma coisa boa, embora alguns mais conservadores prefiram que a coisa continue como sempre foi simplesmente porque ninguém tem a coragem de aceitar o novo. Em certo momento do filme é possível identificar claramente essas pessoas e lembrar de velhos conhecidos.

Vamos à história, antes que alguém me cobre por isso?

Ambientado magnificamente (é incrível o que o desenvolvimento da computação gráfica tem conseguido!) no Pólo Sul, o filme mostra o nascimento de Mano (ou Mambo, na versão original), um simpático pingüim imperador que, contrariamente a todos de sua espécie, não sabe cantar. Ele sabe, sim, sapatear, mas esta habilidade é considerada estranha e até ofensiva no seu grupo social. Desta forma, Mano cresce como uma espécie de “nerd”, “perdedor”, ou, como diriam os estadunidenses, loser, incapaz de se ajustar socialmente. Porém, ao encontrar acidentalmente um grupo diferente de pingüins “latinos”, Mano vê uma luz nascer no fim da geleira.

Não dá pra contar mais que isso. Quer um conselho? Vai o mais rápido possível ao cinema mais próximo e não perca esse deleite. O filme é magistral. Problemas? Talvez o principal problema de “Happy Feet” seja a busca desenfreada pela conquista tanto do público infantil como o adulto. Os produtores sabem que este tipo de desenho animado de alto custo (a estimativa é de que foram investidos US$ 85 milhões na produção) não pode correr o risco de fracassar nas bilheterias. E, para isso, necessitam agradar ao mesmo tempo pais e filhos. O que não é nada fácil. Nesta difícil tentativa, o filme levanta problemas que talvez sejam adultos demais para as crianças, ao mesmo tempo em que traz longas cenas de perseguição que talvez sejam cansativas demais para os adultos. Uma indefinição sempre perigosa. Tanto que na sala onde assisti à sessão tinha uma meia-dúzia de gatos pingados.

No entanto, o resultado é maravilhoso. Quem gosta de filme de qualidade não pode perder essa chance. De início, o filme já me conquistou através de um musical à-lá Moulin Rouge. Ramon, o engraçadíssimo pingüim latino, é o melhor personagem do filme e não se fala mais nisso. George Miller, o diretor e roteirista dessa obra, acabou de entrar na minha lista. Vou ficar de olho nesse cara.

Para quem já viu o filme: (ilumine com ou mouse)

Atenção! Vou comentar aqui a principal surpresa do filme. Então, se quiser se surpreender, pare de ler aqui.

PARE!!!

Quer continuar? É por sua conta e risco.

Achei fantástica a utilização de atores reais para representar os seres humanos. Quando percebi que estávamos próximos de nos encontrar com humanos devido às descobertas de Mano, comecei a me preparar pra decepção, já que ainda não conseguiram representar o ser humano gráfico de uma forma tão convincente quanto estava sendo a primeira parte do filme. Esse encontro realmente me emocionou. Não pela história, mas pela sensibilidade de George Miller que fez a melhor opção. E é a primeira vez que a interação de atores reais com animação não me incomodou, pelo contrário, só acrescentou.