No Coração do Mar

Baseado no livro In The Heart of the Sea: The Tragedy od the Whaleship Essex de Nathaniel Philbrick, que ganhou o Prêmio Nacional dos EUA como melhor livro de não ficção, em 2000, ao narrar a história clássica por trás de Moby Dick de Herman Melville, No Coração do Mar (In the Heart of the Sea, 2015) de Ron Howard relata os fatos reais sobre os 8 membros da tripulação que sobreviveu ao escapar do ataque da baleia, nos 90 dias que ficaram à deriva, apelando ao canibalismo para sobreviver.

Herman Melville (Ben Whishaw) está à procura de uma grande história para contar. Suas investigações o levam Tom Nickerson (Brendan Gleeson), último sobrevivente vivo, que por imposição de sua esposa, e por uns trocados, é obrigado a contar os verdadeiros fatos sobre o evento do barco baleeiro de New England (EUA) Essex, 30 anos depois do ocorrido, que ajudaram a trazer à tona a história de uma baleia de imenso tamanho e determinação, e um sentido de vingança quase humano.

Owen Chase (Chris Hemsworth) sonha em ser capitão e tem o objetivo de superar a meta de coletar 2 mil barris de óleo de baleia, traçada por seu empregador. Então eles navegam por meses em busca de baleias, mas quando encontram se deparam com uma grande ameaça, uma gigantesca baleia branca que irá lutar por sua sobrevivência e acabará atacando o navio e sua tripulação. No entanto, os investidores impõem o jovem George Pollard (Benjamin Walker) como capitão do navio.

Quando o filme embarca na viagem, vemos o ponto de vista do marinheiro Tom Nickerson (Tom Holland) que tem admiração pelo imediato Chase e percebeu a difícil relação entre ele e o capitão. O filme mostra como o óleo de baleia era item essencial para a energia naquela época, sendo posteriormente substituído pelo petróleo. A questão ambiental e ética é mostrada de modo franco e sincero, sem tomar partido nem do ser humano, nem da natureza (baleia), afinal ambos são bons e maus.

No Coração do Mar revela as terríveis consequências do encontro dos homens com o a força animal, à medida que a tripulação sobrevivente do barco é levada aos seus limites e forçada a fazer o impensável para permanecer viva. Enfrentando tempestades, fome, pânico e desespero, os homens serão levados a questionar suas crenças mais profundas, do valor de suas vidas à moralidade de sua atividade, enquanto buscam orientação no mar aberto. É um bom entretenimento, com bastante informação relevante em tela.

O elenco conta ainda com Cillian Murphy como Matthew Joy, o segundo oficial. Destaque para a bela fotografia de Anthony Don Mantle, e para o designer de produção Mark Tildesley pelos efeitos práticos mostrados no filme e a reconstituição da época. Ressalto também o excelente trabalho da figurinista Julian Day que caprichou no visual dos atores, especialmente nas cenas em que eles enfrentam as intempéries do naufrágio. Apesar do fracasso nas bilheterias, merecia uma melhor sorte, mas é incrível como Ron Howard alterna produções bem vistas como Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind, 2002), Frost/Nixon (2008) e Rush – No Limite da Emoção (Rush , 2013) com outras que são desprezadas pelo grande público.