As Sufragistas

O filme baseado em fatos reais, As Sufragistas (Suffragette, 2015) de Sarah Gavron, retrata episódios em torno de um grupo de mulheres que resistia à opressão de forma passiva, sendo ridicularizadas e ignoradas pelos homens, até terem que optar por meios mais violentos.

O filme se passa no início do século XX (1912), após décadas de manifestações pacíficas, as mulheres ainda não possuem o direito de voto no Reino Unido, quando um grupo militante decide coordenar atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar a atenção dos políticos locais à causa.

O grande mérito do filme é o arco narrativo da lavadeira, Maud Watts (Carey Mulligan, muito segura no papel) que já sofreu com a opressão masculina, sem nunca ter questionado o sistema, e que aos poucos vai descobrindo seus direitos como cidadã, e mesmo sem nenhuma formação política, descobre o movimento de sufrágio e passa meio que involuntariamente a cooperar com as novas feministas, se rebelando contra as injustiças de gênero que destituem as mulheres de direitos básicos de cidadania. Ela enfrenta grande pressão da polícia e dos familiares para voltar ao lar e se sujeitar à opressão masculina, mas decide que o combate pela igualdade de direitos merece alguns sacrifícios.

O movimento sufragista, que reivindicou durante anos o direito ao voto feminino, ganha força e encontra na ativista e uma das fundadoras da ação, Emmeline Pankhurst (Meryl Streep, que aparece em apenas uma cena), a forma para conseguir fazer mudanças, frente ao avanço da urbanização e da industrialização, uma vez que as mulheres ansiavam em ter um lugar na sociedade. O movimento sufragista ganhou força nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas só em 1883 o voto feminino foi permitido, na Nova Zelândia.

O preço para lutar pelo sufrágio universal, como Maud descobre bem cedo, é ser assediada, espancada, encarcerada e aos poucos vai refletindo sobre as injustiças de gênero cometidas. O roteiro de Abi Morgan é bem didático e expõe tudo cuidadosamente. Sarah Gavron utiliza-se de uma câmera de mão para acompanhar de perto a saga dessa mulher comum, que se tornou uma feminista e participou indiretamente de um evento que chamou a atenção da imprensa para a causa. Destaque para a direção de arte na recriação da época em que o filme se passa.

A partir do momento em que começam a encarar uma crescente agressão da polícia, elas decidem se rebelar publicamente. Um dia, após sair da lavanderia em que trabalha, Maud se assusta com o caos de um protesto e acaba reconhecendo uma companheira de trabalho entre os manifestantes. A partir desse momento, a personagem decide reivindicar seus direitos como mulher e a lutar por sua dignidade. Vemos em tela a luta das mulheres pela igualdade e pela eliminação de dogmas machistas impostos. A cena da separação de Maud e do filho é tocante. No final, uma relação de países e o ano em que as mulheres tiveram direito a voto. Uma aula de história no cinema.