Renato Gaúcho rejeita oração pelo Vasco

Técnico do Vasco, clube que está à beira do rebaixamento, não quis receber pastor que conta ter tido revelação com ele; religioso diz que foi levar paz ao time.

Continua a peregrinação de pastores a São Januário. Ontem, mais um religioso foi ao estádio do Vasco da Gama oferecer apoio espiritual e orações aos jogadores e à Comissão Técnica. O pastor Clécio Jacinto, 67 anos, da Assembléia de Deus de Benfica, subúrbio do Rio, esteve pela segunda vez na sede do clube para tentar falar com o técnico Renato Gaúcho. Após o fim do treino, Clécio, de terno e gravata e Bíblia na mão, esperou por Renato e chegou a fazer uma oração a portas fechadas dentro do posto médico com alguns funcionários do clube, mas não conseguiu falar com o treinador.

”Tive uma revelação com Renato”, disse o pastor, que adota linha teológica pentecostal, que preconiza experiências espirituais deste tipo. “No sonho ele estava desesperado e pedia ajuda. Vim para trazer paz e ajudar.” Ele contou que foi jogador profissional nos anos 1960, quando atuou pelo Sampaio Corrêa, clube do Maranhão. Renato não quis se encontrar com o religioso. “Minha ajuda é o grupo, a Diretoria e a família. Se der espaço para todo mundo, não me sobra tempo para nada, nem para minha família”, justificou. “Eu respeito, mas não posso atender todo mundo”, disse Renato, que é católico. O único integrante do elenco que falou com o pastor foi Alex Teixeira. Durante pouco mais de um minuto, ele ouviu as palavras do religioso e agradeceu sua visita, antes de voltar ao vestiário.

Na semana passada, a visita de outro pastor, Rodrigo Silva, acendeu a centelha da guerra religiosa no Vasco. Ele entrou sem autorização e fez um pequeno culto no estacionamento, com a presença dos atletas Madson e Mateus. O episódio gerou críticas acaloradas de alguns setores do clube ao presidente Roberto Dinamite, acusado de desrespeitar a suposta tradição católica do clube. O cruzmaltino está numa semana decisiva. Com apenas 40 pontos no Campeonato Brasileiro, o Vasco tem 70% de chances de cair para a segunda divisão, situação inédita para o time carioca.