Livro traça uma biografia bem-humorada da juventude de Jesus

A juventude de Jesus, período da vida terrena do Salvador sobre o qual o Novo Testamento é praticamente omisso, já foi objeto das mais variadas especulações. A mais recente está no livro O Cordeiro – O evangelho segundo Biff, do escritor americano Christopher Moore. A história é uma comédia ambientada na Jerusalém dos primeiros anos do filho de José e Maria. Biff é um brother de Jesus, e os dois vivem peripécias comuns à vida de qualquer criança – com a diferença de que o pequeno Cristo usava seus poderes divinos apenas para se divertir: uma de suas brincadeiras favoritas é ressuscitar lagartos. Mais tarde, já adolescentes, Jesus e Biff resolvem descobrir o mundo e partem numa aventura à procura dos reis magos.

O autor, conhecido nos Estados Unidos pelos livros despretensiosos de humor, passou três semanas em Israel em busca de vestígios do período em que Jesus Cristo viveu na Terra Santa, e pesquisou em cerca de 100 livros de história, arqueologia, religião e sociologia – tudo para escrever a história “não contada pela Bíblia”. Ele diz que sua motivação foi justamente o silêncio da Bíblia acerca do que o Messias fez da infância até os 30 anos de idade, quando iniciou seu ministério itinerante. – “Já havia escrito sobre Coyote, o deus ameríndio, e também sobre um messias moderno adorado por um certo culto na Micronésia”, descreve Moore. “Achei que talvez fosse um desafio fazer algo mais universal”, explica.

Mas, apesar de fazer uma brincadeira com a vida de Jesus, Moore garante que não pretende, em momento algum, ferir o Cristianismo. O objetivo, afirma ele, é fazer os leitores rirem, e não mudarem de crença. “Penei para recontar a vida de Cristo, torná-la engraçada, mas sem fazer um ataque. No fim, deu certo. Pessoas do mundo inteiro gostaram do que escrevi.” A quem julga blasfêmia tratar assim a figura do Salvador, o escritor avisa: “Se isso vai deixar alguém aborrecido, por favor, não leiam o livro”, pede. Moore, que se considera uma pessoa não-religiosa, reconhece que parte da sociedade americana não aceita humor sobre religião, mas que isso não acontece em todo o país. “Acho que, por causa dos oito anos de Bush, o mundo pensa que somos um bando de idiotas com mente estreita, mas isso não é verdade. Bush pode até ter mente estreita, mas a maioria dos americanos, especialmente os que conheço, não tem”, provoca.