Ponto de Vista

Tudo depende do ponto de vista, certo? Esse é o típico diálogo de alguém que ou não concorda com a idéia apresentada, ou tem a sua própria contestada, mas o fato é que realmente um mesmo acontecimento pode ter diferentes interpretações baseadas no ângulo de visão que cada um possuía ou possui, bem como todas suas ideologias, princípios e valores.

Dessa forma, um ponto de vista é relativo, e só a junção de todos eles para compor o cenário real pode levar à verdade.

É isso que Ponto de Vista propõe, é isso que o filme mostra. Diferentes pontos de vista, de diferentes pessoas, de diferentes classes e posições sociais, os quinze minutos antecedentes e os quinze minutos posteriores do maior atentado contra uma tentativa de paz, porque afronta aquilo que a própria reunião na Espanha propunha: acordo do Ocidente com o Oriente para cessar os ataques terroristas, que cresceram tanto desde o 11 de Setembro.

A perspectiva de vários e principais personagens é variada de acordo com a sua posição de visão dos acontecimentos. E que acontecimentos! Por mais que seja um fato apenas, os movimentos, as ações e a adrenalina são diferentes em cada um.

O presidente Ashton (William Hurt) dos Estados Unidos é baleado logo após a sua chegada ao palanque, e em seguida sucessivos acontecimentos tornam a história surpreendente, porque nós como telespectadores temos a oportunidade única de vermos na lente dos personagens e sabermos com precisão a verdadeira versão dos fatos e todo o seu desencadeamento.

Os agentes secretos que estavam designados para a proteção do presidente estadunidense, Thomas Barnes (Dennis Quaid) e Kent Taylor (Mattew Fox – o Jack do seriado Lost), também nos permitem a sua visão dos fatos, bem como uma bela atuação dos dois. O primeiro já na casa dos “enta” nos dá aquela sensação de nostalgia da mesma forma que o Stallone em “Rocky”, já Fox não deixa a desejar em um longa que exige maior interpretação.

E o que dizer então do grande ganhador do oscar Forest Whitaker, que interpreta um típico turista americano – Howard Lewis, que pela admiração e interesse em filmar tudo à sua volta, acaba também nos permitindo uma visão privilegiada dos grandes acontecimentos. É brilhante!

No plano de fundo e início da trama, também podemos ver a visão que a mídia tem ao cobrir o evento, o que eles escolhem mostrar e o que eles preferem cortar. É interessante, e deixa bem claro que não podemos acreditar “cegamente” em tudo o que vemos, principalmente quando esse olhar vem de alguma telinha…