O clímax das emoções mais abrangentemente indizíveis de um escravo se dá quando ele acha graça aos olhos do seu senhor. Tal é a incontinência diante do ato de misericórdia da parte do seu amo, que uma pergunta surge na cabeça recém-remida do servo: “Eu mereço isso?”
A resposta é não.
A graça é um favor imerecido. O diálogo que se segue é “ficção relativa”, pois vários filhos de Deus, no mundo inteiro, têm usado esses termos em colóquios com o Divino Pai. Preste atenção a cada palavra. Obs.: Cada resposta repetida tem um novo sentido.
– Senhor, me ajude a conseguir.
– A minha graça te basta.
– Derrama o teu poder.
– O meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.
– Pai, realiza os meus sonhos, se for da tua vontade.
– A minha graça te basta.
O que se segue é um depoimento meu sobre a graça Divina.
A graça de Deus para mim é o que há de mais sublime e lindo da parte do Pai Divinal, porque um ser humano inútil, fraco, pecador como eu, recebi de graça um favor que custou a morte do Rei do universo. Ainda por cima, Ele morreu não só para a graça me dar, mas por mim. Eu que era prostituto de corpo e de alma e espírito, entregue à devassidão, escravo de outros escravos, destinado à destruição, recebi do céu favor, que ninguém, em toda história da raça humana, tem condições de merecer.
A sublime graça da salvação, a minha mente não entende. O meu raciocínio torna-se débil quando penso em tanta gente, que por graça não morreu, pois o humano é um bicho bruto, um animal que segue o instinto, até encontrar Deus.
Olhando para trás, e vendo o que eu era, posso concluir somente que foi a “sublime graça que alcançou um pobre como eu”.