O Curioso Caso de Benjamin Button

Quem já não pensou em ser eternamente jovem?! Ou viver ao contrário, simplesmente ao invés de envelhecer, rejuvenescer? Eis que a fantasia ganha caras, contornos, uma história: O Curioso Caso de Benjamim Button. Um drama baseado no conto homônimo de F. Scott Fitzgerald, escrito em 1920, ganha as telonas em uma película que soube utilizar muito bem a tecnologia a seu favor, com um cenário, maquiagem e fotografia fantástica!

Brad Pitt dá vida ao incomum Benjamin Button, que nasce em meio ao fim da Primeira Guerra. Sua mãe dá à luz essa criança velha e estranha, morrendo logo em seguida, deixando-o com seu pai, que, inconsolado, deixa a criança na porta de um asilo. Entrelaçada a essa história, um famoso relojoeiro que perde o querido filho na Guerra, faz um grande relógio para a cidade, mas que conta o tempo ao contrário, numa tentativa de que o tempo pudesse voltar e trazê-lo de volta, o que para um espectador atento pode ser a raiz de todo o encanto do filme.

De todo modo, Queenie (Taraji P. Henson), a empregada da casa, por não poder ter filhos, logo se apaixona pela idéia de viver a maternidade e, mesmo com aquela criança de aparência feia e velha em seus braços, decide criá-lo, acreditando que pouco tempo de vida restaria a Benjamim, já que pelas poucas horas de vida apresentava todas as doenças inerentes à velhice, como catarata e artrite. Porém, contra todas as evidências, o menino-velho cresce, imerso num mundo onde todos eram como ele, velhos, apesar de ter a alma de uma criança acompanhada da curiosidade e dos trejeitos.

À medida que o tempo passa, enquanto todos à sua volta, envelhecem e morrem, Benjamim rejuvenesce, adquire vigor e aparência mais jovem, vai perdendo as rugas, a calvície, e tem a oportunidade de viver uma vida madura quando ainda muito jovem. É muito interessante e encantador imaginar um homenzinho velho como a aparência dele demonstra, tendo seu primeiro porre naquela idade, ou se apaixonando pela primeira vez, tendo contato com o mundo e a vida, dando seu primeiro beijo em uma mulher de 60 anos de idade, Elizabeth Abbott (Tilda Swinton).

Mas, o grande amor de sua vida foi Daisy (Cate Blanchett), que conheceu na infância quando ela ia até o asilo em que ele morava para visitar a avó. Enquanto ela envelhecia, ele rejuvenescia, e entre tantos encontros e desencontros, mesmo apaixonados um pelo outro, a gritante diferença física e o que isso acarretava os impedia de estarem juntos. Até que em um momento enquanto um definha e o outro remoça, ambos atingem um patamar de igualdade, e podem finalmente viver o amor que tanto tinham um pelo outro, porém não poderão envelhecer juntos, criar a filha do modo convencional, e aí está outro ponto alto do filme.

Ser jovem é fantástico, o poder e a beleza da juventude são inigualáveis, mas perde completamente o sentido quando todos os seus amores não podem estar mais com você.

“O Curioso Caso de Benjamim Button” é um filme maravilhoso! Mesmo sendo longo, não cansa e vai contra toda a corrente hollywoodiana, com um fôlego novo, uma história encantadora, envolvente, uma narrativa meio à francesa, que lembra muito O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Traz uma reflexão muito séria e gostosa do valor da vida, de todas as suas fases, das conquistas, de quem podemos ser, o que podemos fazer… da beleza magnífica que é simplesmente viver a vida que Deus nos deu!

Se ainda não viu, está perdendo muito! Corra, assista e se encante… com a vida!