Como um jumento selvagem, meu mundo é a violência.
Armado até os dentes, buscando a sobrevivência.
Num mundo que não me quer; eu não pedi pra existir.
Mas já que eu estou aqui, vão ter que me engolir.
Eu trago à sua memória, o que se quer esquecer.
Minha miséria é a ofensa, exposta pra te ofender.
Eu sou a droga do morro, a prostituta da esquina,
O crime organizado, desenfreado, eu sou o mano e a mina.
Eu sou a bala na agulha apontada pra você!
Documentário sangrento que não passa na TV.
O cristianismo fajuto, que já não faz diferença;
Sou cria do seu sistema, portanto, vê se me aguenta!
Sou como um jumento selvagem, a minha história é cruel.
Eu vou viver no inferno e morrer sem chegar ao céu.
À margem da sociedade, à margem do seu portão…
À margem da sua igreja, sua casa, seu coração…
Da existência de Deus, eu nunca pude saber.
Talvez minha mãe tenha me dito algo pouco antes de morrer!
Mas isso já faz muito tempo, e sozinho eu me perdi!
Embora já tenha lido vários folhetos, entregues aos montes nos guetos,
Jamais o vi por aqui.
Para ruminar vida afora:
“Ele será entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará fronteiro a todos os seus irmãos.” Gênesis 16:12