Servido pelo Comandate Supremo (2)

Eu avisei que se tratava de uma história maluca. Esse tipo de situação não acontece… ou acontece?

Acontece para quem vê. Para aqueles que estão atentos, acontece todas as semanas. Em salões de banquetes no mundo inteiro o comandante supremo presta homenagem aos comandados. Lá estão eles – pessoas comuns que trabalham em cozinhas ou em outros lugares simples, sentados à mesa do chefe.

Convidados de honra. VIPs. Hospedados e servidos pelo dono da História.

“Este é o meu corpo”, ele diz ao partir o pão.

E você pensava que se tratava de um ritual. Pensava que se tratava apenas de uma tradição. Pensava que se tratava de uma comemoração a algo que foi feito naquela época. Pensava que se tratava da reencenação de uma refeição de Jesus com seus discípulos.

Trata-se de muito mais.

Trata-se de uma refeição que ele participa com você.

Quando eu era menino, fazia parte de um grupo da igreja que levava a comunhão aos presos e hospitalizados. Visitávamos os crentes que não podiam comparecer à igreja mas desejavam orar e participar da comunhão.

Eu devia ter dez ou onze anos quando fomos a um quarto de hospital onde se encontrava um senhor idoso muito debilitado. Ele estava dormindo, e tentamos acordá-lo. Não conseguimos. Movimentamos seu corpo, falamos com ele, batemos de leve em seu ombro, mas não conseguimos nada.

Não queríamos sair dali sem cumprir nossa missão, mas não sabíamos o que fazer.

Um dos meninos do grupo observou que aquele senhor estava dormindo de boca aberta. Por que não? dissemos. Oramos e colocamos um pedaço de pão em sua lingua. Em seguida oramos novamente e despejamos um pouco de suco de uva em sua boca.

Ele nem acordou.

Acontece o mesmo com muitas pessoas hoje em dia. Para alguns, a comunhão é uma hora sonolenta durante a qual come-se o pão e toma-se o vinho, mas a alma não reage. A comunhão nunca teve esse propósito.

Teve o propósito de ser um convite do tipo “não consigo acreditar, alguém me dê um beliscão porque devo estar sonhando” – sentar à mesa do Senhor e ser servido pelo próprio Rei.

Quando lemos o relato de Mateus sobre a Santa Ceia, uma verdade extraordinária vem à tona. Jesus cuidou de tudo. Foi Jesus quem escolheu o lugar, marcou o horário e organizou a refeição. “O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos.”

E na Santa Ceia, Jesus não é o convidado, mas o anfitrião. “E [Jesus] o deu aos seus discípulos.” O sujeito da oração é a mensagem do evento: “ele tomou… ele abençoou… ele partiu… ele deu…”

E na Santa Ceia, Jesus não é o servido, mas o servo. É Jesus quem, durante a Santa Ceia, traja-se como servo e lava os pés dos discípulos.

Jesus é quem mais trabalha à mesa. Jesus não é retratado como aquele que se recosta e recebe, mas aquele que permanece em pé e serve.

Ele ainda faz isso. A Santa Ceia do Senhor é uma dádiva para você. A Santa Ceia do Senhor é um sacramento, não um sacrifício.

Geralmente pensamos na Santa Ceia como se fosse uma representação teatral, uma ocasião em que estamos no palco e Deus na platéia. Uma cerimônia na qual trabalhamos enquanto ele observa. Não foi esse o seu propósito. Se tivesse sido, Jesus teria tomado assento à mesa e descansado.

Não foi o que ele fez. Ao contrário, ele cumpriu seu papel como rabino, orientando os discípulos ao longo da Páscoa. Cumpriu seu papel como servo lavando os pés dos discípulos. E cumpriu seu papel como Salvador perdoando os seus pecados.

Ele estava no comando da situação. Ele estava no centro do palco. Ele estava na retaguarda naquele momento.

E ainda está.

É à mesa do Senhor que você se senta. É a Santa Ceia do Senhor que você come. Assim como Jesus orou por seus discípulos, ele também suplica a Deus por nós. Quando você recebe um convite para se sentar à mesa, a carta pode ter sido entregue por um mensageiro, mas foi Jesus quem a escreveu.

É um convite santificado. Um sacramento convidando-o a abandonar os afazeres da vida e entrar no esplendor de sua glória.

Ele o convida a se sentar à mesa.

E quando o pão é partido, é Cristo quem o parte. Quando o vinho é despejado, é Cristo quem o despeja. E quando seus sofrimentos são aliviados, é porque o Rei trajando avental está por perto.

Pense nisso na próxima vez que participar da Santa Ceia.

Uma última palavra.

O que acontece na terra é apenas uma pequena amostra do que acontecerá no céu. Portanto, na próxima vez em que o mensageiro lhe trouxer o convite, abandone tudo e vá. Seja abençoado e alimentado e, mais importante ainda, tenha a certeza de ainda estar comendo à sua mesa quando ele vier nos buscar.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com