“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” Romanos 8.37-39.
Paulo faz uma pergunta no versículo 35 de Romanos 8 – quem nos separará do amor de Cristo? – ele faz mais perguntas, mas a partir do v. 37 ele responde a todas as dúvidas que podem ter sido levantadas e ele está bem certo de que em todas estas coisas (tribulação, angústia ou perseguição) não seremos derrotados ao contrário, seremos mais que vencedores.
v.37 – somos mais que vencedores – hupernikomen – “super conquistadores” – a idéia do texto é que apesar de lutarmos sempre, também vencemos sempre.
“Às vezes sucede que, aparentemente, os crentes são vencidos e entregues ao cansaço, visto que o Senhor não só os acossa com dureza, mas também os humilha. Entretanto, há um resultado que lhes é inflexível, ou seja: que o senhor lhe garante que no fim sairão ilesos” (João Calvino, Romanos, pg 307).
“A certeza disso (completa suficiência de Cristo para nós) colocada em nossos corações nos profundos recessos da alma, sempre nos arrancará do inferno para a luz da vida, bem como nos servirá de força e apoio” (João Calvino, Romanos, pg 308).
v.38 – Porque eu estou bem certo – Paulo tem certeza de que não pode ser separado de Cristo, mas a certeza é baseada justamente no que ele fala – somos mais que vencedores – pois apesar de “tudo parecer querer rasgar-nos de Deus” (João Calvino, Romanos, pg 308) podemos ter certeza que venceremos e não seremos derrotados.
Nem a morte, nem a vida – a morte que é o salário do pecado (Romanos 6.23) não tem poder para nos rasgar de Deus, ao contrário, foi tragada a sua vitória por Cristo e portanto a morte não nos separará do amor de Deus, nos levará para mais perto dele. A vida por mais complicada que seja, nossas decisões, afazeres, pessoas ao nosso redor, nossas responsabilidades não tem condições de nos separar do amor de Cristo Jesus.
Nem anjos, nem principados – a expressão poderes que está depois de porvir fica mais bem colocada aqui, pois dá a idéias de principados e potestades (poderes) que o apóstolo se refere em Efésios 6.12. O que Paulo quer falar-nos aqui é que qualquer que seja o poder ordenado espiritualmente, anjos, principados, potestades, nenhum deles tem condições, mesmo que tentassem (isso com os anjos), de nos rasgar de Deus – se tentarem apenas somente se frustrarão com sua falta de condições e força para tal projeto.
Nem presente, nem porvir – não existe qualquer extensão de tempo (sejam dias, meses, anos séculos ou tempos indeterminados) que nos possam rasgar de Deus – ainda que o socorro do Senhor parece-nos demorado e que a própria volta de Jesus parece tardar (2 Pedro 3.9) ainda assim estamos seguros, pois dele não seremos tomados.
Não é necessário temer que nossa fé na adoção de Deus sobre nós seja destruída pelos contínuos males e dores, mesmo que pareça não ter fim os dias e que a continua assolação venha sobre nós, mas lembremo-nos de que “aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 2.6).
v.39 – nem altura, nem profundidade – “altura e profundidades eram termos técnicos utilizados pela astrologia, ligados aos principados e potestades, pois segundo criam esses governavam os movimentos dos corpos celestes e portanto governando o destino dos mortais” (F F Bruce – Romanos, pg 147, notas). Paulo está argumentando aqui que nem mesmo o destino, real ou imaginário tem poder algum contra aqueles que estão ocultos em Cristo Jesus; nada na extensão espacial pode nos rasgar de Deus.
Nem qualquer outra criatura poderá nos separar – nada que exista em todo o universo tem poder para nos rasgar nossa vida de Deus.
Portanto, o amor que levou o Pai a nos adotar é o mesmo amor que ele tem para com Cristo Jesus; somente se algum poder ou criatura conseguir separar Cristo de seu Pai que perderemos o vínculo com Deus, pois é Cristo que nos une – ele é a nossa união e segurança.
Que Deus nos ajude a sermos mesmo sempre mais que vencedores.
