Comunicar é mais do que falar

Existem basicamente dois tipos de pessoas que se envolvem numa conversa. Os que querem comunicar-se e os que querem mostrar-se. O último tipo é um perito em tudo por atribuição própria e não pode resistir à tentação de oferecer seus pontos de vista em qualquer assunto. Ele é a pessoa que faz um comentário na classe a fim de ser notado por outros em lugar de aprender dos outros.

O irônico é que o verdadeiro perito num assunto jamais tem necessidade de diminuir os outros a fim de elevar a si mesmo. Ele também não precisa empregar um vocabulário técnico estrangeiro para comunicar-se com o público leigo. Esse vocabulário pode ser útil em círculos profissionais, mas basicamente inútil em outros setores.

Nós desenvolvemos nosso próprio vocabulário na religião: “salvação”, Espírito Santo”, “santidade”, “reconciliação”. Essas são palavras valiosas e importantes para nós, mas para o não-cristão comunicam bem pouco.

Um dos paradoxos da comunicação é que uma palavra precisa ser compreendida por ambas as partes antes de seu uso ser aprovado. O fato de você compreender um termo ou conceito não significa que seu interlocutor também entenda. Cabe então ao comunicador escolher palavras comuns a ambos. Usar palavras longas e difíceis pode impressionar, mas não faz parte da boa comunicação. Atirar as palavras e supor que elas serão compreendidas é uma atitude irresponsável, egoísta.

E.H. Hutten conta uma história muito interessante sobre Albert Einstein. Trata-se de um bom exemplo de como perito que conhece seu valor não tem necessidade ou desejo de impressionar outros. Na Faculdade de Princeton, Einstein assistia ocasionalmente conferências feitas por excelentes cientistas que muitas vezes eram um tanto obscuros e técnicos ao fazerem suas apresentações. Hutten relata: “Einstein se levantava depois da palestra e perguntava se podia fazer um pergunta. Ele ia então para o quadro negro e começava a explicar em termos simples o que o professor dissera. “Eu não tinha certeza de tê-lo entendido corretamente”, dizia então com delicadeza, esclarecendo assim o que o orador não conseguira transmitir.

A comunicação eficaz é justamente isso, Jesus foi um mestre nesse sentido, jamais supondo que algo tivesse sido comunicado apenas pelo fato de ter sido exposto. Ele empregou enorme criatividade: ilustrações, parábolas, enigmas, perguntas, estudos de casos, e assim por diante.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com