Aborto mata 250 mulheres por ano no Brasil

Há uma realidade mortal escondida por trás dos abortos no País. De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, entre 729 mil e 1,25 milhão de mulheres se submetem ao procedimento anualmente no Brasil. Destas, pelo menos 250 morrem, consideram organizações.

Se a análise for feita em escala mundial, o obstetra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Osmar Ribeiro Colas explica que são cerca de 500 mortes diárias por causa de abortos. “Quando cai um avião ficamos chocados, mas há dois Boiengs de mulheres caindo por dia e ninguém fala nada”, lamenta.

E, quando não morrem, por vezes essas mulheres acabam com sequelas irreversíveis. “Algumas colocam produto químico ou objeto metálico no útero para abortar. A chance de infecção e perfuração é muito grande, 1/3 de quem tenta abortar acaba procurando ajuda no hospital”, afirma Morais Filho.

A candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, reacendeu nesta semana a discussão sobre a descriminalização do aborto no País. Em entrevista à revista Isto É, a ex-ministra afirmou que o aborto não é uma “questão de fórum íntimo, mas de saúde pública” e defendeu que não se pode segregar as mulheres. “Deixar para a população de baixa renda os métodos terríveis, como aquelas agulhas de tricô compridas, o uso de chás absurdos, enquanto as mulheres de renda mais alta recorrem a clínicas privadas para fazer”.

O tema também já foi abordado pelos outros candidatos à presidência. A candidata pelo PV, Marina Silva, disse à revista Veja , em setembro de 2009, que pessoalmente é contra, mas “não julga quem o faz”. “Acho apenas que qualquer mudança nessa legislação, por envolver questões éticas e morais, deveria ser objeto de um plebiscito”.

O também candidato à Presidência, José Serra (PSDB) afirma que é contra. “Eu não sou a favor do aborto. Agora, qualquer deputado pode fazer isso. No âmbito do Congresso, eventualmente até por meio de consulta à população”. Quando ministro da Saúde (1998-2002), Serra aprovou a Norma Técnica que permite o aborto em casos de estupro.