Travamentes

O rato roeu a roupa do rei de Roma! Aprendi quando criança, ao começar a falar.
Repetia por várias vezes, até as palavras se emendarem, até a língua travar!
Repensei e retruquei: Um rato no palácio? Certamente esse não é o seu lugar.
E esse ratinho danado, que rói quietinho, calado, me colocou a pensar.

Quantas coisas são comuns, mas que não deveriam ser!
Quantas fazem parte de nossas vidas, e não deveriam fazer!
O pobre que passa fome, a mulher que quer ser homem, o homem que ama o poder.
Há tempo para tudo embaixo do sol. Mas Deus não desejou um tempo pra se morrer.

No entanto, o mundo é um rio de pranto, onde se é cada vez mais difícil sorrir.
É um campo florido, cobrindo o cadáver daqueles que já morreram de rir.
Com as piadas sobre o diabo e do plano absurdo que Deus preparou para nos remir.
Relógio, revólver, revolta, são coisas comuns, que jamais deveriam existir!

Humanidade dura e cruel, que se acostuma com tudo! Conforma-se a tudo!
Confunde comum, com normal, abraça o mal, rejeita a Deus, ama o mundo!
Festeja de ano em ano, e comete o trágico engano, de esquecer-se dos segundos.
Assiste a violência, chafurda-se na decadência, como cegos, surdos e mudos.

Roma repartiu a roupa do Rei dos reis! Do mundo a glória e a luz!
Pilatos, sentado, vestido de seda e linho, julgando a Jesus?
Inversão de papéis! O réu condenando O JUIZ a morrer entre homens ímpios e nus.
Evangelho: poder de Deus, salvação através da loucura da cruz!

Para ruminar vida afora:

“Vi ainda debaixo do sol que no lugar do juízo reinava a maldade e no lugar da justiça, maldade ainda” Eclesiastes: 3:16.