Missionários da Jocum têm seis meses para sair de área indígena

O Ministério Público Federal (MPF) estipulou o prazo de seis meses para que missionários evangélicos da missão Jovens Com Uma Missão (Jocum) treinem funcionários públicos, e depois saiam da aldeia dos Suruahá, na área rural do município de Tapauá, a cerca de 450 quilômetros de Manaus (AM).

A retirada dos evangelistas foi decidida em reunião realizada pelo governo do estado na semana passada. Segundo o procurador André Lopes Lasmar, ficou acertado que a Jocum deverá treinar membros da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) para trabalhar com os Suruahá e só então os missionários se retirarem.

A Funasa recorreu ao MPF por entender que os missionários estariam evangelizando os índios. Em contra-partida o Ministério Público entende ser necessária a presença dos missionários, por serem os únicos a entender a linguagem da etnia.

Para a presidente nacional da Jocum, Bráulia Ribeiro, a entidade vai lutar para não sair da aldeia. Na opinião de Bráulia, “não se trata de uma questão de ficar ou não, mas de vínculo fraternal, de um trabalho de 21 anos”. Ela declarou ser difícil ensinar uma língua indígena complexa em seis meses. Nenhum dos 137 Suruahá fala português, não há bilíngües, e a Jocum já ensina o básico aos funcionários da Funasa.