Robôs

Os velhos traços do cinema feito à mão definitivamente ficaram no passado. Em 2004 a Disney já anunciou que o longa Nem Que a Vaca Tussa foi sua última produção no método tradicional. Os animados por computador estão cada vez mais ganhando espaço e estourando nas bilheterias do mundo todo por serem essencialmente infantis mas divertirem a família toda com enredos e piadas para todas as idades. É exatamente por ser infantil que precisamos analisar com mais critério produções como essas.

Robôs (Robots) é uma produção da Fox que também produziu o brilhante A Era do Gelo em 2002. Pelo fato do primeiro filme ter se ambientado na chamada “era glacial”, seus responsáveis fatalmente ficaram limitados de usar sua criatividade pois os cenários não eram tão ricos assim. Agora, em Robôs, Chris Wedge e o brasileiro Carlos Saldanha puderam esbanjar nos detalhes que forraram praticamente todo o filme.

Umas das coisas que acredito dar mais veracidade aos filmes feitos por computação gráfica é a reprodução de coisas inanimadas. Repare como é difícil reproduzir seres humanos ou qualquer outra coisa criada por Deus. Animais, cachoeiras, árvores, tudo fica muito artificial e sem aquele molejo natural. Porém, quando eles reproduzem construções, ruas e máquinas, a coisa fica tão real que muitas vezes é até possível confundir. Isso faz-nos concluir que, mesmo que o homem queira cada vez mais se igualar a Deus, ele nunca nunca vai chegar perto o suficiente ao ponto de que se confunda com Ele.

A história de Robôs não é lá essas coisas. Pelo menos não é nada original. Os personagens, como a maioria dos desenhos infantis, são bastante carismáticos e descontraídos, mas não apresentam nada que ainda não foi explorado pelo cinema-animado. A trajetória deles mantém-se intocável: tudo começa bem, surge um problema, aparecem amigos para ajudar e tudo se resolve no final. Não vai me dizer que você vai ficar bravo por eu ter contado alguma coisa tão óbvia!

A indústria dos animados está cada vez mais investindo no lance de entreter os adultos também. É comum vermos casais e grupos de amigos desacompanhados de crianças se reunindo para assistirem filmes como este. É por isso que dentro desses filmes também não é raro encontar tiradas endereçadas ao público adulto. O problema de Robôs é que algumas delas tiveram um fundo um pouco, digamos, nem tão inocente assim. Mas com certeza não é nada que impeça você de levar o seu filho pra ver um filme como este pois são bem sutis e exclusivamente adultas (eu acho :-).

O que mais me chama atenção nos animados infantis são os valores transmitidos da verdadeira amizade. Nos desenhos, os amigos estão lá pro que der e vier e em qualquer situação, de alegria ou de tristeza. Sabemos que longe de Deus isso não é possível, mas nós que temos o Espírito de Deus habitando dentro de nós teríamos que viver isso em sua plenitude. Jesus, quando instituiu a igreja pouco antes de voltar para o Pai, orou rogando para que Seus seguidores fossem um, assim como Ele o era com Deus. O sonho de Deus é ver Seus filhos unidos para o que der e vier.

Vendo a obra como um todo, Robôs é um filme muito bom. Cumpre seu papel, transmite valores e diverte bastante. Se tiver um tempinho, leve seu filho para assistir ou, quem sabe, aguarde sair na locadora. Mas não esqueça de fazer aplicações como essas para que a sessão não tenha sido só um momento de diversão.