Boletim da Copa: Além da derrota

Além da derrota

O estádio de Dortmund tem as arquibancadas mais verticais que já vi. Sentados numa das ultimas filas, Jorginho e eu vimos o jogo contra Gana tão de cima que parecia que o estávamos assistindo de helicóptero. Dessa altura toda uma coisa ficou muito clara pra mim: o time do Brasil ou pelo menos 2/3 dele jogava com o “freio de mão puxado”. Mas a vitória por 3 x 0 me fez esquecer essa constatação.

Acordei cedo no dia do jogo contra a França. Gastei a manhã escrevendo meu penúltimo boletim da Copa. Eu me perguntei por que perdia tanto tempo escrevendo esses diários e não encontrei resposta em minha mente. Uma estranha sensação perturbava minha paz de espírito, mas não conseguia definir o que era.

De repente me lembrei e, já na saída para o estádio, enviei uma mensagem de socorro a uns poucos intercessores internautas: – Gostaria que você estivesse intercedendo durante o jogo contra a França porque sinto que nosso time anda sendo freado por uma estranha força.

Fui para o jogo sem palpites, prognósticos ou empolgação. Como brasileiro sofri, torci, e intercedi o jogo inteiro. Não teve jeito. A verdade é que o Brasil perdeu porque a França jogou melhor que a gente mais uma vez. Mas os críticos nunca vão encontrar uma razão lógica para explicar como o elenco dos melhores jogadores do mundo conseguiu jogar tão mal.

E nunca uma data marcará o dia do triunfo do mal sobre o bem porque, até mesmo em nossas derrotas, Deus exerce a Sua soberania. Como Ele garante que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que O amam, Ele sempre nos conduzirá em triunfo através de Cristo Jesus. II Cor 2:14.

Mas o sabor da derrota é amargo e a dor é grande. Mal tive tempo de me lamentar e já tive que entrar em ação chorando com os que choram, consolando e orando pelos familiares dos jogadores. E depois com os próprios atletas que também ficaram muito abalados. Já passava das 3 da madrugada quando voltei para o hotel.

No dia seguinte acordei ainda sob o impacto da derrota, arrastei pesadamente o meu chassi até a janela e ao abri-la dei de cara com um lindo dia de verão europeu. O sol continuava a brilhar, as árvores estavam mais verdes, os pássaros cantavam e voavam alegremente e a vida continua mais viva que nunca.

Não perdemos tudo e nem ganhamos tudo. Ainda há muito a conquistar. E como o que fazemos aqui tem reflexos na eternidade, é hora de ir em frente. Para encerrar essa série, quero terminar meu último boletim da Copa com essa entrevista que dei ao jornal “O Testemunho”.

OT: De que forma os atletas famosos, como Kaká, podem auxiliar na evangelização?

Alex: Pregando a todo tempo com um estilo de vida condizente com os valores e princípios cristãos a fim que o nome de Jesus Cristo seja glorificado através dos talentos que Deus lhes confiou. Isso atrai muitos torcedores a Cristo e desperta em outros cristãos o desejo de fazer o mesmo.

OT: Qual o limite entre a importância de evangelizar e a alta exposição na mídia?

Alex: Quanto mais alta a exposição, maior a oportunidade e a responsabilidade. Daí a necessidade dos atletas serem preparados por quem entende de Bíblia, de proclamação, de mídia, de esporte, da vontade específica de Deus pra quem foi criado para militar nesse meio, e do que se passa no coração, na mente e no espírito de quem vive sob pressão.

OT: De que forma o nome de Jesus Cristo deve ser usado?

Alex: O nome de Jesus não é para ser usado. Nós é que fomos feitos para sermos usados por Ele para cumprir Seus propósitos através de nossa existência nesse mundo.

OT: Como o senhor se tornou Diretor Executivo da Missão Atletas de Cristo?

Alex: Cheguei “de baleia”, como Jonas. Deus me trouxe aqui na marra pois eu nunca teria feito essa opção. Mas olhando pra trás percebo que Deus pilotou o carro da minha vida por um caminho muito melhor do que eu teria dirigido. Hoje sou imensamente grato a Deus por ter mudado meu destino. Eu não o trocaria pelo destino de nenhum dos meus colegas de pista.

OT: A Copa do Mundo é um evento propício para a evangelização?

Alex: Todo evento é propício para a proclamação do evangelho desde que exista um ou mais servos de Deus a fim de obedecer o que Jesus mandou a gente fazer em Mateus 28; que esses servos saibam ler o que se passa no seu mundo de influência sob uma cosmovisão cristã.

OT: Existe o risco de o público fazer confusão entre, por exemplo, o ídolo Kaká e a figura de Jesus Cristo?

Alex: A verdade é que as multidões seguiam a Jesus como ídolo e fazedor de milagres. Mas nem por isso Jesus deixou de recebê-los com amor, de atender suas necessidades imediatas e de cumprir a Sua missão nesse mundo. A grande diferença é que os milagres de Jesus sempre apontavam na direção de Deus. Se os ídolos do futebol ou de qualquer outra atividade, incluindo as eclesiásticas, não fizerem o mesmo, eles não passarão de ídolos.

OT: Como um atleta de Cristo deve se comportar diante da mídia?

Alex: Como um cara que tenha conteúdo cristão e intelectual. Como alguém que tenha algo relevante a dizer e que o faça de uma forma inteligente e numa linguagem que os de fora da igreja possam entender.

OT: De que forma os atletas de Cristo divulgam a importância da leitura da Bíblia Sagrada?

Alex: Vivendo de acordo com o que Deus os ensina através da Bíblia.

OT: Como os atletas de Cristo são orientados a evitar vícios comuns no esporte, como o excesso do culto ao corpo?

Alex: Nos os ajudamos a desenvolver a sua salvação. À medida que todo cristão cresce no conhecimento dos valores do Reino de Deus e no seu relacionamento com Deus, as coisas da carne vão perdendo terreno para as espirituais no seu conjunto de valores. E a tendência é cultuar a Deus em vez de si próprio.

OT: Qual o lema dos atletas de Cristo?

Alex: Servindo ao Senhor. Correndo juntos. Alcançando a muitos.

Alex
Data: 04/07/2006

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