Ray

Olá pessoal! Pela primeira vez estou escrevendo aqui neste espaço dedicado a nós, pessoas que amam e curtem a sétima arte. Finalmente uma mulher na área! E começo bem, falando de uma cinebiografia de um cara superconhecido no meio musical, Ray Charles, o pianista cego que o mundo inteiro já viu ou ouviu.

Quem não conhecia a história de Ray Charles, como eu, saiu do filme maravilhado com a sua vida. Aprendeu um pouco mais sobre a luta que esse homem travou, que além de cego, viveu em um país que possui uma densa população negra mas que é muito rejeitada. Em vários momentos do filme essa realidade é retratada. No entanto, quem conhece como realmente foi a vida dele afirma que pouco do que foi retratado no filme realmente aconteceu.

Independente de sua fidelidade, como não falar da atuação do excelente Jamie Foxx? O cara simplesmente esqueceu sua identidade para entrar na do Ray. Eu esqueci completamente que ele estava apenas atuando. Pra falar a verdade, só teve um momento que caiu a minha ficha. Quando o Jamie interpreta Ray em uma de suas alucinações, sem óculos! Ai ai ai, podia não ter essa cena né? Mas o Oscar de melhor ator não poderia ter ficado em melhores mãos.

Quem não gosta muito de cinebiografia, por achar monótono, pode ir ao cinema tranqüilo, porque este é um filme em que você fica o tempo todo na expectativa do que acontecerá em seguida na vida de Ray. Ele não segue um padrão de começo, meio e fim. A infância de Ray é retratada por meio de flashbacks, onde também vemos a brilhante atuação do garotinho C.J. Sanders, que interpreta Ray quando criança, e de Sharon Warren, que faz sua mãe. Essas cenas mostram de forma dramática como o menino teve de aprender a ser cego, visto que nasceu com a visão normal.

O longa também retrata seu vício e sua luta para se desfazer desse mal. Mas em especial, gostaria de falar sobre algo que aconteceu na ficção e na realidade.
Ray Charles se tornou conhecido por adicionar em seu repertório músicas originalmente de estilo gospel com letras nada edificantes. No filme, alguns protestantes protestaram contra essa atitude e ele, ao invés de se retratar, incitava mais ainda. Foi uma cena de aproximadamente 10 minutos que muito me incomodou, pois eu me vi com aqueles três protestantes.

Apesar de sua vida nada de exemplar para nós, um cara que tinha todos os motivos para se sentir inferiorizado, aprendeu com sua mãe a não ser um aleijado. Ele lutou todos os dias da sua vida pelo seu ideal: sua boa música! Muitos de nós que nem temos essa limitação às vezes nos escondemos atrás de obstáculos muito menores e não lutamos por nosso ideal, que é eterno e sublime.

Quem gosta de boa música, como eu, não deve perder esse filme. Se já perdeu, anote num cantinho para não esquecer dele na locadora.