Nos braços quentes de Deus

E quanto aos meus entes queridos que morreram? Onde eles estão agora? No período entre a nossa morte e a volta de Cristo, o que acontece?

A Escritura é surpreendentemente reservada sobre esta fase das nossas vidas. Quando fala sobre o período entre a morte do corpo e a ressurreição do corpo, a Bíblia não grita; ela apenas sussurra. Mas na confluência destes sussurros, uma voz firme é ouvida. Esta voz impositiva nos garante que, na morte, o cristão entra imediatamente na presença de Deus e desfruta de comunhão consciente com o Pai e com aqueles que se foram antes.

Não é esta a promessa que Jesus fez ao ladrão na cruz? Mais cedo o ladrão havia censurado Jesus. Agora ele se arrepende e pede misericórdia. “Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino” (Lucas 23:42). Provavelmente, o ladrão esteja orando para que seja lembrado em algum tempo distante no futuro quando o reino vier. Ele não esperava uma resposta imediata. Mas ele recebeu uma: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso” (versículo 43). A principal mensagem desta passagem é a ilimitada e surpreendente graça de Deus. Mas uma mensagem secundária é a translação imediata do salvo à presença de Deus. A alma do crente viaja para casa enquanto o corpo do crente aguarda a ressurreição.

Alguns não concordam com este pensamento. Eles propõem um período intermediário de purificação, “um tanque de armazenamento” no qual somos punidos por causa dos nossos pecados. Este “purgatório” é o lugar onde, por um tempo indeterminado, nós recebemos o que os nossos pecados merecem para que possamos receber justamente o que Deus preparou.

Mas duas coisas me incomodam a respeito deste ensinamento. Primeira, nenhum de nós consegue suportar o que os nossos pecados merecem. Outra, Jesus já suportou. A Bíblia ensina que o salário do pecado é a morte, não o purgatório (veja Romanos 6:23). A Bíblia também ensina que Jesus se tornou o nosso purgatório e levou o nosso castigo: “Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas” (Hebreus 1:3). Não há purgatório porque o purgatório aconteceu no Calvário.

Outros acham que enquanto o corpo está enterrado, a alma está adormecida. Eles obtêm sua convicção bastante honestamente. Por sete vezes em duas epístolas diferentes, Paulo usa o termo dormir para se referir à morte (veja 1 Coríntios 11:30; ! Co 15:6,18, 1 Co 20; 1, Tessalonicenses 4:13-15). Alguém certamente poderia deduzir que o tempo entre a morte e a volta de Cristo é passado adormecido. (E, se este fosse o caso, quem poderia reclamar? Nós certamente poderíamos aproveitar o descanso!)

Mas há um problema. A Bíblia se refere a alguns que já haviam morrido e eles apenas estão adormecidos. Os seus corpos estão dormindo, mas as suas almas estão completamente acordadas. Apocalipse 6:9-11 se refere às almas dos mártires que clamam por justiça na terra. Mateus 17:3 fala de Moisés e de Elias, que apareceram no Monte da Transfiguração com Jesus. Até Samuel, que voltou da sepultura, foi descrito vestindo um manto e tendo a aparência de um deus (1 Samuel 28:13-14). E quanto à nuvem de testemunhas que nos rodeiam (Hebreus 12:1)? Estes não poderiam ser os heróis da nossa fé e os entes queridos das nossas vidas que se foram antes?

Eu acho que sim. Quando está frio na terra, podemos obter conforto sabendo que os nossos entes queridos estão nos braços quentes de Deus. Nós não gostamos de dizer adeus para aqueles que amamos. Tudo bem nós chorarmos, mas não há necessidade de nos desesperarmos. Eles tinham sofrimentos aqui. Eles não têm sofrimentos lá. Eles lutavam aqui. Eles não têm lutas lá. Você e eu podemos nos perguntar por que Deus os levou para casa. Mas eles não. Eles entendem. Eles estão, neste exato momento, em paz na presença de Deus.

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com