A Fantástica Fábrica de Chocolate

Quem não se lembra das inúmeras vezes em que A Fantástica Fábrica de Chocolate foi exibida na Sessão da Tarde durante toda sua infância? Se você tem menos de, digamos, 20 anos, talvez não tenha presenciado muito essa deliciosa fase, mas muitos de nós sabemos até de-trás-pra-frente a história de Charlie e seu sonho de conhecer o excêntrico Willy Wonka, dono da maior (e mais esquisita) fábrica de chocolates do mundo.

A obra original é um livro de Roald Dahl. Baseado nele foi radada em 1971 a primeira versão, protagonizada

por Gene Wilder no papel de Wonka. O maluco Tim Burton, reponsável por obras um tanto esquisitas quanto A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, O Estranho Mundo de Jack e Marte Ataca!, decidiu fazer uma nova versão para esse clássico cult e conseguiu transmitir todo seu lado esquisitão para a nova obra.

A Fantástica Fábrica de Chocolate é um filme essencialmente infantil. É difícil encontrar algum cinema que esteja exibindo a versão legendada e, por isso, a sala fica cheia de crianças comentando cada cena do filme. Mas a presença delas não é um problema pois suas risadas até nas cenas mais simples nos empolgam a entrarmos ainda mais no universo do chocolate de Willy Wonka, protagonizado dessa vez pelo brilhante Johnny Depp.

Depp, como de costume, está impecável. Cheio de caras-e-bocas (como todos os outros personagens deste filme) e com seu jeito inseguro mas ao mesmo tempo sarcástico, ele encanta, diverte e até coloca medo nas criancinhas mais desavisadas.

Comparando com a versão original, a nova versão de Burton, não por culpa de Johnny Depp, infelizmente perde em um ponto por um pequeno motivo: O Wonka de 1971 era esquisitão e enigmático. O de hoje é só esquisitão pois todo seu enigma é desvendado ao tentarem explicar seus motivos. Isso pode ter dado mais profundidade ao filme, mas fez com que ele perdesse um pouco de seu aspecto misterioso. No mais, a nova versão é muito mais rica, colorida e cheia de efeitos, munida de recursos que ainda não existiam na época do primeiro filme.

Os Oompa Loompas, todos com a cara do ator Deep Roy são, de longe, os personagens mais interessantes do filme. Menos do que anões, vindos de Loompalândia, foram contratados por Wonka em troca de cacau, o que os motiva a trabalhar e cantar com alegria. Toda a “folha-de-pagamento” da fábrica é composta pelos Oompa Loompas que nos divertem aparecendo nas funções mais inusitadas. Suas canções, como na primeira filmagem, ficam martelando em nossa cabeça algumas horas depois da exibição. Ah, pra quem, como eu, ficar esperando a clássica “Oompa, loompa, doompa dee doo…” (ou qualquer coisa parecida), saiba que ela só está presente no filme de 71. Dessa vez você vai sair cantando “Willy Wonka, Willy Wonka…” na versão dos bonecos incendiados.

Posso dizer sem medo de errar que A Fantástica Fábrica de Chocolate de Tim Burton é um filme muito bom. Em geral, é uma grande lição de moral. Recheado de bons princípios, ensina os pais a não mimarem os filhos, os filhos a se contentarem com o que seus pais podem oferecer e a terem vidas mais saudáveis. O mais legal é que faz tudo isso de maneira bem-humorada e sem ser piegas. Se você levar seu filho para ver esse filme, o único problema que terá será convencê-lo de que não poderá alimentar-se só de chocolate dali pra frente.