A sombra de uma dúvida

Manhãs de domingo. Eu acordo cedo, bem antes da família se agitar, do sol começar a brilhar ou do jornal bater na garagem. Deixe o resto do mundo dormir. Eu não. Domingo é o meu grande dia, o dia em que eu fico diante de uma congregação de pessoas que estão dispostas a trocar trinta minutos do seu tempo por um pouco de convicção e de esperança.

Na maioria das semanas eu as tenho de sobra. Mas de vez em quando não. (Saber disto o incomoda?) Algumas vezes na aurora colorida, nas horas pré-púlpito, o aparente absurdo daquilo em que eu acredito me atinge. O medo de que Deus não exista. O medo de aquele “por quê?” não ter resposta. O vale da sombra da dúvida.

Em um nível ou em outro todos nós nos aventuramos no vale. Nas últimas páginas do evangelho de Lucas, o médico que se tornou historiador dedica o seu último capítulo a responder uma pergunta: como Cristo reage quando duvidamos dele?

Para os discípulos abatidos a caminho de Emaús (Lucas 24:13-35) e para os discípulos assustados no cenáculo (Lucas 24:36-49): Uma refeição é servida, a Bíblia é ensinada, os discípulos encontram coragem e nós encontramos duas respostas práticas para a pergunta crucial, o que Cristo nos faria fazer por causa das nossas dúvidas?

A resposta dele? Toque o meu corpo e reflita sobre a minha história. Nós ainda podemos, você sabe. Nós ainda podemos tocar o corpo de Cristo. Nós amaríamos tocar seus ferimentos físicos e sentir a carne do Nazareno. No entanto, quando tocamos a igreja, nós fazemos exatamente isso. “A Igreja é o corpo de Cristo; ela completa Cristo, o qual completa todas as coisas em todos os lugares” (Efésios 1:23 NTLH).

Cristo distribui coragem através da comunidade; ele dissipa dúvidas através da comunhão. Ele nunca deposita todo o conhecimento em uma pessoa, mas distribui partes do quebra-cabeça a muitas. Quando você conecta o seu entendimento com o meu, e nós compartilhamos as nossas descobertas… Quando nós misturamos, combinamos, confessamos e oramos, Cristo fala.

A união dos discípulos nos instrui. Eles permaneceram juntos. Mesmo com as esperanças roubadas, eles se juntaram em uma comunidade relacionada. Eles “conversavam a respeito de tudo o que havia acontecido” (Lucas 24:14). Este não é um retrato da igreja – compartilhando notas, trocando ideias, meditando nas possibilidades, elevando espíritos? E enquanto eles o faziam, Jesus apareceu para ensiná-los, provando que “onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles” (Mateus 18:20).

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com