A Música na Igreja (1)

Reflexões sobre o papel da música (parte 1 de 3)

“Louvai ao SENHOR. Louvai ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre.” (Salmo 106.1)

É de consentimento geral que a música é um poderoso instrumento de comunicação. Num sentido amplo, através da música, as mais diferentes mensagens são divulgadas, culturas são difundidas, ideologias propagadas e gerações marcadas. A música tem um potencial impar de comunicação.

Ao voltarmos nossa atenção para a aplicação da música no culto cristão, devemos nos atentar para que esta possa manter suas características fundamentais bem como que possa cumprir com os propósitos dentro da estrutura do culto.

Mas afinal, que características são estas e que propósitos são estes?

O Papel da Música na Igreja

Na grande maioria das igrejas, os cristãos estão habituados a um modelo de culto onde existe um período musical que antecede a pregação e exposição da Palavra de Deus. Este período é convencionalmente chamado de “período de louvor e adoração”, ou simplesmente “louvor”. Este tempo especifico possui uma potencialidade que muitos cristãos ignoram. É neste momento que expressamos todo prazer em estar na presença do Senhor bem como todo o amor que sentimos por Ele.

O Espírito Santo deve ser o “regente mor” no culto, tendoem vista que Ele, como Consolador prometido, cumpre com o papel de condutor das pessoas a Jesus, levando o pecador ao Senhor (Jo 14.16-17; Jo 15.26; Jo 16.7-14).

Quando o louvor é fundamentado nas verdades bíblicas, potencializamos a mensagem da salvação, alcançando corações aflitos, fluindo alegria de tão grande salvação e glorificando o Senhor. Como uma mola mestra, o louvor impulsiona toda a congregação no estabelecimento da unidade genuína como corpo. Nesta singular unidade, juntos, adoramos o Senhor (Cl 3.15-16).

A igreja sempre fez uso de cânticos e hinos, seja no presente, na longa história da igreja cristã, na igreja primitiva ou no porvir (Rm 15.9; 1Co 14.15; Ef 5.19; Cl 3.16; Tg 5.13; Ap 5.9; At 14.13). Mas para que o louvor atinja o êxito, é preciso assimilar alguns simples princípios que fazem toda diferença.

Quanto às Características

Vivemos dias em que tudo que recebe o rótulo de “gospel” é automaticamente aceito pela maioria dos crentes como algo verdadeiramente digno de crédito. Não sejamos incautos! Precisamos, em todas as áreas de nossa vida cristã, seguir o exemplo dos Bereanos (At 17.11). Seja sincero consigo: alguma vez você já parou para analisar aquilo que ouve e canta?

a) Ensinar Verdades Bíblicas

As músicas que cantamos precisam estar impregnadas de significado. A conformidade com a Palavra faz da música um instrumento de edificação. Letras sem sentido são simplesmente ritmos e mero entretenimento. Ao cantarmos das verdades bíblicas, lançamosem música a Palavra de Deus aos corações, a verdade cantada liberta, e por intermédio do Filho (que é a própria Verdade – Jo 14.6) somos livres, verdadeiramente livres (Jo 8.32;36)! Quantos de nós carregamos ainda hoje, trechos de músicas cantadas nos primeiros passos na fé, mantendo trechos bíblicos cantados naquela ocasião ainda vivos no coração?

b) Abençoar o culto unindo os crentesO período de louvor tem também a característica de unir os crentes no mesmo propósito, ou seja, a unidade dos santos louvando e adorando o Deus Todo-Poderoso. Este período tão importante edifica, consagra, exorta, reconcilia. Ao estarmos congregados, de modo algum estamos “assistindo” o culto, mas participando de modo ativo, cultuando a Deus. Da mesma forma que não existe uma platéia assistindo o culto, não existem artistas sobre um tablado fazendo um show de exibicionismo humano. Precisamos entender que não existe separação entre os que estão ministrando sobre o altar e os que estão na nave da igreja (2Cr 20.26a; Sl 126.3).

Quanto ao Propósito

Dia-a-dia, cada cristão, independente de seu talento ou dom, ou do ministério onde atua, precisa ter em mente qual fator motivacional, qual o propósito de sua dedicação e amor no Reino de Deus.Glorificar a Deus, acima de todas as coisas, o propósito central é a glorificação do Deus Vivo. O Senhor quer ser adorado por Seus filhos (Jo 4.23-24). O que Ele espera de nós é algo genuíno, puro e sincero. Glorificamos o Senhor quando,em nossos cânticos O louvamos por aquilo que tem feito, por Suas grandes obras, por quem Ele é (Ed 3.11; Sl 145.3-7).Tomemos por exemplo o Salmo 19, que segundo a opinião do grande teólogo C.S. Lewis é o mais poético de todos os Salmos; um dos mais belos poemas do mundo. Tal Salmo possui uma estrutura muito simples, porém de profundidade de grande valor. Ele mostra como Deus criou tudo (v. 1-6), como legislador de Israel (v. 7-10) e que Ele deseja ser o Redentor individual de cada um (v. 11-14). Que bom é ter a oportunidade de louvar e adorar o nosso Deus! Quão belo é cantar as verdades gloriosas contidas neste Salmo!

Poderíamos fazer ainda menção de muitos outros textos bíblicos ou mesmo de fatos de nosso cotidiano que mostram o agir e personalidade de Deusem nossas vidas. Muitossão os fatos que demonstram e atestam que nosso dever é ter a glorificação de Deus como propósito central. Dentro de todos os lindos textos dos Salmos, podemos destacar mais um: o Salmo 103. Neste Salmo, Davi enfatiza Deus e seu relacionamento com o ser humano. Deus não é um ser distante e terrível, ou mesmo uma energia cósmica que vaga no nada. Ele não é um relojoeiro que simplesmente criou o todo e se ausentou, deixando sua criação a esmo. Não! Ele é um Deus pessoal, que deseja estar conosco. Entendamos o principio do temor – que não que dizer que devemos ter medo de Deus – mas sim que devemos amá-Loem todo o Seuzelo (Ex 20.5; Is 48.11). Ele é digno sobre toda e qualquer coisa (Ap 4.11).

Ele Se aproximou de nós, o Criador de cada partícula do universo Se aproximou de cada um de nós para um contato e relacionamento pessoal, ansioso em nos perdoar de toda iniqüidade, repleto de compaixão e misericórdia paterna, amando de modo incondicional e incessante a todos que se voltam a Ele e que nEle confiam.

Que cada um de nós tenha este pequeno texto como uma verdade prática em nossa vida: “Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém.” Rm 16.27.

Para Refletir

a) As nossas canções glorificam e dão testemunho de Deus ou nós as escolhemos apenas por sua harmonia emotiva ou pelo seu ritmo?

b) Como podemos fazer para, no mínimo, tentar viver em conformidade com aquilo que cantamos?

A Música na Igreja (2)