Dando um nó e esperando

Ele toca cada um de nós, mais cedo ou mais tarde. Um amigo, um irmão, um colega de trabalho, ou talvez, você. Se você não foi afetado pelo divórcio, você provavelmente será – é uma das marcas de nossa sociedade. Na cultura atual, o divórcio está à espreita e olha maliciosamente para alguém como um predador observando presa.

O que Deus diz sobre o divórcio?

Que conselho baseado na Escritura está disponível para aqueles que tiveram os corações partidos pelo divórcio? Para aqueles que levam o divórcio em consideração, que pontos podem mantê-los comprometidos ao casamento?

Enquanto estudamos este doloroso tópico juntos, lembre-se disso: Deus odeia o divórcio. Mas – o mesmo Deus que odeia o divórcio ama o divorciado, assim como Ele ama todos os seus filhos. Se você está pensando no divórcio, eu oro para que você reconsidere a reconciliação, se possível. Se seu coração foi partido por causa do divórcio, vá a Ele para a cura. Se o divórcio o separou de Deus, oro para que você encontre seu caminho de volta a Ele.

Ele deixou a luz acesa. A porta está destrancada. Ele está esperando por você.

Dando um nó e esperando

No corredor da minha memória está pendurada uma fotografia. É uma foto que eu estimo muito. Uma foto de duas pessoas – um homem e uma mulher, um casal na septuagésima década de vida.

O homem está deitado em uma cama de hospital. Mas a cama de hospital está na sala de estar, não em uma sala de hospital.

O seu corpo, para todos os propósitos práticos, está inútil. Os músculos devem ter sido tão devastados pela doença que eles estão esticados de osso a osso como o tecido esticado nos suportes de um guarda-chuva.

O homem respira através de uma mangueira fixada em um buraco na parte de baixo de sua garganta. E apesar de seu corpo ser ineficaz, seus olhos estão brilhando – e eles examinam a sala.

Eles examinam a sala, procurando por sua companheira, uma mulher de quem a idade está oculta por seu vigor juvenil. Apesar de seu cabelo ser grisalho, ela é vibrante e saudável, em contraste com a figura deitada na cama.

Ela energeticamente realiza sua tarefa do dia: cuidar de seu marido. Com uma lealdade inabalável, ela faz o que vem fazendo por dois anos. Não é uma tarefa fácil: ela tem que barbeá-lo, dar banho nele, alimentá-lo, pentear seu cabelo, escovar seus dentes.

Ela segura sua mão enquanto eles sentam e assistem televisão juntos.

Ela levanta no meio da noite e succiona seus pulmões.

Ela se inclina e beija seu rosto febril.

Que foto preciosa ela é. Ela é preciosa porque é um retrato de minha própria mãe e pai.

Alguns diriam que é uma foto trágica do que uma doença pode fazer com o corpo de um homem. E enquanto isso é verdade, é uma lembrança gloriosa do que a devoção pode fazer com o casamento de um casal.

Na época em que Deus chamou meu pai para casa, meus pais estavam casados por mais de 40 anos. Muita coisa pode acontecer em 40 anos. Casados durante a Depressão. Quatro filhos, três retiradas de amígdalas, 16 anos de ensino universitário, mais de uma dúzia de transferências de trabalho. Seis anos nos quais um trabalhou no turno da manhã e o outro, no turno da noite para que os filhos não fossem deixados sozinhos.

Quarenta anos oferece várias razões para desistir do casamento. Desculpas mais do que suficientes para sair. Eles não só viveram durante a Primeira Guerra Mundial, eles provavelmente também resistiram a 100 guerras domésticas. Então o que deu “raça” ao seu casamento? Primeiro, uns poucos meses antes de sua morte, eu perguntei para o meu pai o que manteve os dois juntos.

Ele disse, “Bem, ir embora nunca foi uma opção.”

Ir embora nunca foi uma opção.

O que eles tinham era um casamento para sempre – um casamento no qual duas pessoas, olhos nos olhos, dizem Eu amarei você quando eu não quiser te amar. Eu amarei você quando você estiver doente. Quando tivermos dinheiro e quando não tivermos. Eu amarei você para sempre.

O casamento exige o maior nível de persistência, talento e ternura que qualquer ser humano pode concentrar. Como é esquisito que duas pessoas podem ficar em pé em frente a um grupo de amigos, olhar fixamente nos olhos um do outro e prometer andar juntos na montanha russa da vida. Isso é bobo, inacreditável, e ainda é plano de Deus. A instituição do lar é idéia de Deus. Quando Deus fez o homem e percebeu que sua criação estava solitária, Ele foi ao trabalho, criando uma companhia para ele. Ele reuniu os dois naquele primeiro e lindo casamento. As girafas foram as damas de honra e os leões, os padrinhos.

Todos andaram pelo corredor alinhado por árvores e carpetado com pinhos. E o Próprio Deus juntou os dois.

Entretanto, desde aquelas primeiras núpcias, o casamento tem caído em tempos difíceis. Em algum lugar ao longo da linha, ao invés de uma instituição honrada por Deus, o casamento tem se tornado uma opção para alguns e um capricho passageiro para outros.

Ninguém nunca disse que o casamento é fácil. Tem sido dito que um casamento é um evento, mas o matrimônio é uma realização. É preciso paciência, cuidado e dar, dar e dar.

Às vezes aquele nó irá ser como uma fita macia de seda amarrada em volta do rabo-de-cavalo de uma menina. Mas haverá outras vezes quando será como tentar dar a volta em uma enorme corda enrolada que arranha, coça e puxa-o para baixo.

Este nó possui um nome – é chamado “compromisso”.

O pacto da companhia

Por que o compromisso do casamento é tão importante para Deus? Talvez ajude lembrar que o nosso é um Deus de pactos. O casamento é um pacto de compromisso – e pactos de compromissos são uma parte da estrutura de Deus. Isso é o que Ele é. Ele é o Deus que olhou para Abrão e prometeu, “Eu o abençoarei.” Ele é o Deus que olhou para os filhos de Israel e garantiu, “Eu nunca deixarei ou esquecerei vocês.” Ele é o Deus que ficou no monte da ascensão e disse, “Eu estarei sempre com vocês, até o fim da Terra.”

O voto do casamento, um pacto de compromisso, começa nos separando de nossos pais e nos unindo com nosso companheiro. Tornar-se uma carne quando o casamento é consumado une o casal fisicamente, mentalmente e emocionalmente (o sonho de Deus para cada casal é um pacto).

O divórcio não é idéia de Deus. O divórcio não foi criado por Deus. O divórcio é uma tolerância de Deus. Lembra-se quando os judeus perguntaram a Jesus sobre o divórcio? “Jesus respondeu, Moisés permitiu que vocês se divorciassem de suas mulheres por causa da dureza de coração de vocês. Mas não foi assim desde o princípio. Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério.” (Mateus 19:8-9).

Quando violamos o pacto do casamento, violamos o que Deus nos chamou para sermos. “‘Eu odeio o divórcio’, diz o Senhor, o Deus de Israel. Por isso, tenham bom senso; não sejam infiéis.” (Malaquias 2:16).

É mais fácil falar do que fazer.

O Senhor não entende, Deus? Eu entro em minha casa e é como entrar em uma zona de guerra. Eu prefiro ficar no trabalho ao ir para casa nas sextas-feiras à tarde…

Nossa casa é tão cheia de tensão que poderíamos fatiá-la com uma faca. Como o Senhor espera que eu honre esse tipo de pacto?…

Como Deus responde a tal pergunta? Dizendo: Eu espero isso de você porque Eu honrei esse tipo de pacto com você!

Para entender a importância que Deus dá a pactos, leia Gênesis 15:1-21. A cena é uma cerimônia de casamento entre Deus e Seu povo. Deus promete abençoar Abrão com muitos descendentes. Então Deus prepara a etapa para selar o pacto. Ele instrui Abrão a preparar alguns animais e algumas aves.

A cerimônia consistia em pegar dois animais, cortá-los ao meio e colocar as carcaças à parte, dizendo “Que aconteça a mim o que aconteceu a estes animais se eu falhar em sustentar meu pacto.” Então a outra parte faria o mesmo, carregando uma tocha e um pote com fumaça, repetindo o mesmo voto. No relato do pacto de Deus com Abrão, o homem acordou para ver uma tocha e um fogareiro esfumaçante passar por entre os pedaços dos animais. Deus estava selando o pacto entre Ele e Abrão.

Extraordinário. Deus fazendo um pacto com o homem. Repetidamente, Deus honraria esse pacto:

Quando os filhos de Israel reclamaram na escravidão, Deus não os abandonou.

Quando Ele os libertou e eles quiseram voltar para o Egito, Ele não os abandonou.

Quando eles fizeram um bezerro de ouro e o adoraram, Deus não os abandonou.

Quando o rei Davi mentiu, traiu e cometeu adultério e assassinato, Deus não os abandonou.

Quando Seus próprios amigos dormiram enquanto Ele agonizava em oração no Getsêmani, Ele não foi embora.

Quando Seu próprio seguidor deu um beijo de traição em sua bochecha, Ele não foi embora.

Quando um soldado romano deixou Suas costas em carne viva com um chicote, Jesus não foi embora.

Quando as espigas fizeram estrondos dolorosos em Seu corpo, Jesus não foi embora.

Quando Ele voltou do túmulo e encontrou Seus apóstolos aconchegando-se com medo, Ele não os abandonou.

Esse é o tipo de Deus a quem servimos. Um Deus de pactos. É por isso que pactos de promessas são importantes para Deus. Um Deus que acredita que um voto de pacto é um pacto para ser honrado. Como um filho de Deus, essa é nossa herança. Uma herança que o chama para ser fiel, não só a Deus, mas ao seu cônjuge. Se o seu casamento precisa de reconstrução, você tem um Deus que o encarrega de recorrer a Ele para ajudar a reconstruir seu lar.

Uma das últimas mensagens que meu pai me deixou foi rabiscada em um pedaço de papel quando ele estava deitado em seu leito de hospital. “Max, seja fiel à sua esposa.”

Nós temos uma herança de fidelidade. Não há razão maior para ser fiel a seu cônjuge do que honrar o Deus que tem sido fiel a você.

Guia de estudo

  1. O que o Max quer dizer quando ele fala: “Ir embora nunca foi uma opção”?
  2. “Um casamento é um evento, mas o matrimônio é uma realização.” O seu matrimônio tem sido uma realização? Por quê? Por quê não? Pense no matrimônio de um casal que pode ser considerado uma realização. Quais são algumas características que se destacam?
  3. Por que o pacto do casamento é tão importante para Deus?
  4. Quando os fariseus questionaram Jesus sobre o divórcio, qual foi Sua resposta (Mateus 19:13-15)?

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com