A região escura do divórcio

De 1960 a 1980 dobrou o número de divórcios em nosso século. Em 1980, as predições estimaram que a taxa de divórcio dobraria novamente na virada do século. Por quê?

Para entender esta crise da sociedade, vamos dar uma olhada nos encargos da sociedade que afetaram a família. Temos visto a deterioração nos laços da sociedade que uma vez foram instrumentos no apoio à família. Havia um tempo de responsabilidade familiar. Um dia no qual a vovó e o vovô viviam no final da rua. Mamãe e papai ficavam a um quarteirão de distância, os primos eram espalhados pela cidade. O divórcio era raro, algo fora do comum, até considerado escandaloso.

Mas esses dias passaram. Hoje muitas vezes não conhecemos nossos vizinhos, muito menos os responsáveis por eles.

Hoje a metade dos americanos vive a 150 milhas de distância do parente mais próximo e se muda uma vez a cada quatro anos. O resultado? Todas as vezes que nos desarraigamos, encontramo-nos em uma nova situação, cada vez mais anônimos no mundo.

Este anonimato é a semente da responsabilidade reduzida. Você se muda para Nova Iorque ou São Francisco ou Houston, e ninguém conhece você. Você passeia em um shopping e ninguém pára para dizer oi. Você é anônimo. O anonimato torna-se agradável porque junto com a diminuição do reconhecimento vem uma diminuição de responsabilidade. Ninguém se importa com o que você faz, então o que você faz parece não ter tanta importância.

Então, em nossa sociedade, a responsabilidade reduzida e o anonimato aumentado têm contribuído para a explosão do divórcio. Nossas atitudes mudaram: o que um dia foi raro e escandaloso é agora aceitável e comum. Mas o ensinamento de Deus não mudou. É muito claro no assunto: Deus odeia o divórcio. Ele tem honrado Seu pacto conosco e espera que façamos o mesmo. Deus odeia o divórcio. Mas a Escritura é igualmente clara: Deus ama o divorciado. O divórcio não é um pecado acima dos pecados, mas um pecado entre os pecados. Nunca há um lugar de onde não possamos começar novamente. Nunca há um lugar tão longe de Deus que Ele não possa atrair-nos de volta para Ele.

Mantendo a tensão tensa

Deus ama o divorciado mas odeia o divórcio. Ah, como tendemos ir de um extremo para o outro. De um lado pregamos a ira de Deus contra aqueles que fracassam e elevam o divórcio como o pecado acima dos pecados (o que não é).

O resultado é pessoas feridas e quebradas querendo saber se Deus já tem um lugar para elas de novo. Ou, em nossos esforços em sermos compassivos com os feridos e quebrados, entusiasmamo-nos em termos compaixão. Os observadores notam essa compaixão e pensam: “Se o divórcio é fácil assim, então por que ficar casado?”

Mas a tensão deve permanecer tensa. Deus odeia o divórcio. Ele o odeia porque destrói as crianças que Ele ama. Mas deixe-nos sermos tão igualmente alto e claro e afirmar que Deus ama o divorciado, que não é um pecado entre os pecados. O mesmo Deus que perdoará uma má atitude ou um mau temperamento pode perdoar uma má escolha no casamento.

O ensino de Deus é muito claro. Talvez seja o escutar do homem que está confuso. Olhe o que Deus diz a este respeito:

Vieram a ele alguns fariseus, e o experimentavam, perguntando: É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?

Então respondeu ele: Não tendes lido que o Criador desde o princípio os fez homem e mulher?, e disse que: Por esta causa deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma só carne? Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.

Replicaram-lhe: Por que mandou então Moisés dar carta de divórcio e repudiar?

Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; entretanto, não foi assim desde o princípio. Eu, porém, vos digo: Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra, comete adultério.

Disseram-lhe os discípulos: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar.

Jesus, porém, lhes respondeu: Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado. Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir, admita.

Trouxeram-lhe então algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus. E, tendo-lhes imposto as mãos, retirou-se dali. (Mateus 19:3-15).

Enquanto você luta com o dilema do divórcio, mantenha estas três verdades em mente:

Deus dá valor às pessoas. Na base de todo ensino doutrinário ou teológico está Sua verdade sustentadora. E porque Ele nos dá valor, a lei de Deus existe, não para nosso prazer, mas para nossa proteção. Somos posse Dele. Pertencemos a Ele. Somos filhos Dele.

Deus dá valor aos pactos. Deus é um Deus de pactos. Quando Deus afirma algo, Ele faz. Ele é honesto. Ele não volta atrás. Ele se compromete a isso. Deus sempre baseou Seu relacionamento com as pessoas em uma promessa. Ele vive de acordo com uma promessa, não segundo um sistema ou um livro de regras.

Deus sabe que pactos quebrados quebram as pessoas. Se eu lhe disser que farei algo, e não o fizer, alguma coisa quebra dentro de você. Se eu falhar em cumprir uma promessa a minhas filhas, elas olharão para mim e dirão, “Mas papai, você prometeu.” Uma promessa é tudo que temos. Deus sabe que uma vez que tudo é construído em uma promessa, quando uma promessa é quebrada, corações são quebrados.

Divórcio é guerra

Se você já passou por um divórcio ou se já testemunhou um divórcio, você sabe como essas pessoas quebradas aparentam e se sentem. O divórcio nos faz falar e fazer coisas que teríamos pensado serem indizíveis e inaceitáveis. Divórcio é guerra. Uma guerra territorial. Uma guerra fria. Uma guerra verbal. Uma guerra física. Mas é uma guerra. E em toda guerra, há feridas e fatalidades. É uma tragédia.

Você está em vista de divorciar-se? Por favor, repense seu plano. Dê ao casamento tudo que você tem. Tente o seu melhor. Se você já fez isso, dê a ele mais uma chance. Não ande apenas a segunda milha, mas a quinta e a décima e a centésima milha. Comece a ver o divórcio não apenas como uma opção, mas como a última coisa a se desfazer, o movimento final.

Cuide do casamento. Lembre-se do plano original. Mantenha-o vivo. E nunca, nunca subestime a dor de um casamento quebrado.

Lembre-se de que Deus odeia o divórcio (Malaquias 2:16). O divórcio não é o pecado acima dos pecados. É um pecado. É errado. Mas é perdoável.

Você está feliz no casamento? Seja compassivo com aqueles que não estão. Se há alguém em sua igreja ou em seu círculo de amigos que tenha se divorciado, faça sua parte para tirar a vergonha.

Você é divorciado? Então busque pela misericórdia cicatrizante de Deus. Arrependa-se e comece de novo. Você foi ferido na batalha, mas Deus pode tirar beleza dessa dor. Ele fez isso antes; Ele fará novamente. Talvez a dor que você experimentou o equipou a prestar assistência a outros em sofrimento.

Qual é o resultado final do divórcio?

O que Deus quer que façamos?

Se você está casado, Deus quer que você continue casado. Quando você se casa, você faz um pacto perante Deus. E Ele quer que você honre esse pacto.

Se você está separado, Deus quer que você faça todo o possível para reconciliar-se com seu companheiro.

Compreensivelmente, talvez não seja possível. As circunstâncias podem estar além de sua capacidade para interceder. Entretanto, o nosso Deus é um Deus de reconciliação. O Deus que trouxe uma humanidade alienada a um relacionamento com o Pai Celestial tem o poder de reunir casais separados.

Ele não só é o Deus que cria, Ele é o Deus que pode recriar e Ele quer recriar o seu casamento e a sua vida. Ele é um Deus que quer trabalhar dentro de sua casa e fazer o que você acha que é impossível.

Se você é separado, em oposição à Escritura, reconcilie-se com seu companheiro. Se não for possível, então aceite a graça de Deus e vá adiante. Procure viver uma vida agradável a Deus deste ponto em diante.

Deus é um Deus misericordioso. Deus pode perdoar raiva, fofoca, malícia. Ele é um Deus misericordioso. Ele é o Deus que teve misericórdia da mulher adúltera. Ele é um Deus que não só perdoou como incumbiu a mulher samaritana que esteve dentro e fora de cinco diferentes lares quebrados. Ele é um Deus de misericórdia? Sim!

Quer você esteja lutando com um divórcio potencial, ou esteja suportando a dor do divórcio, Deus quer guiá-lo para fora dessa região escura.

Pegue Sua mão e deixe a região escura do divórcio para o novo horizonte no topo da montanha.

Guia de estudo

  1. Quais são algumas causas da “explosão” do divórcio na América?
  2. Por quais razões Deus permite o divórcio?
  3. Malaquias 2:16 diz que Deus odeia o divórcio. Que significado isso tem para as pessoas divorciadas? Como Ele se sente a respeito delas?

Traduzido por Cynthia Rosa de Andrade Marques
Texto original extraído com permissão do site www.maxlucado.com