O show dos cruzamentos é a sensação do paulistano o ano inteiro!
Crianças dançando, se equilibrando, pintando e bordando por algum dinheiro!
Mas… às vezes, me parece que é só por um pouco de atenção!
Capricham pra que alguém lhes abra o vidro do carro, ou quem sabe a porta do coração.
O negrão bem sucedido, nem deu bola, de dentro do seu carrão,
Não gostou do show! Talvez faltasse um pouco mais de ação!
Umas meninas seminuas, um três oitão cuspindo bala, como na televisão…
Quem sabe um pouquinho de sangue, de drama, garantisse a diversão.
Independendo do IBOPE, o show da vida continua.
Gente apressada, portas fechadas, moleques de rua…
Mas não há com o que se preocupar! A culpa não é minha, nem sua.
É do cãozinho folgado, no banco traseiro, curtindo um ar condicionado,
Ocupando o espaço que bem poderia ser dado ao menor abandonado.
Às vezes parecem estar brincando, mas leva-se pouco pra se perceber que a coisa é séria.
A comida pedida, implorada, devorada às pressas, denuncia a fome, a miséria…
E num abrir e fechar de farol, as crianças crescem e acordam pra vida.
Descobrem que ninguém liga e que o cruzamento as levará a um beco sem saída.
O show das esquinas das grandes metrópoles é a tragédia do mundo sem Deus.
Vidas inocentes sacrificadas a Moleque à luz do dia, em pleno breu.
O breu dos nossos olhos fechados, dos vidros filmados, das consciências apagadas.
De um cristianismo que não reflete a graça do Pai amoroso que quer levá-las pra casa.
Para ruminar vida afora:
“Voltar-me-ei contra esse homem e o eliminarei do meio do seu povo, porquanto deu seus filhos a Moloque, contaminando assim o meu santuário e profanando o meu santo nome.
Se o povo da terra fechar os olhos para não ver esse homem, quando der de seus filhos a Moloque, e o não matar, então eu me voltarei contra esse homem, e contra a sua família, e o eliminarei do meio do seu povo, com todos os que após dele se prostituem com Moloque.” Levítico 20:3-5.