A garagem de ônibus e o pardal

“Porque eu, o Senhor, te tomo pela tua mão direita e te digo: Não temas que eu te ajudo.” Isaias 41:13

A tarde estava demasiadamente quente. O calor tornava insuportável minha permanência numa sala de espera em que eu aguardava o horário para ser atendido por um cliente. Dobrei a manga da camisa. Bebi água. Nada! Minha esperança de atenuar o calor que sentia era aguardar do lado de fora. Ao passar pela porta, deparei-me com um jardim bem cuidado e pequeno, mas com um gramado que parecia um tapete enfeitado por roseiras e árvores. Uma, à minha esquerda, abrigava no topo um pardal que piava insistentemente enquanto minha visão vislumbrava o pátio de uma garagem de ônibus e um grande céu azul.

Naquele lugar, ônibus entravam e saiam, davam marcha-a-ré, encostavam-se nos espaços destinados à limpeza e manutenção ou simplesmente paravam, enquanto que algumas pessoas passavam por mim sorrindo ou não. E na copa da árvore, o pardal continuava insistindo em me chamar a atenção. Eu o procurava por entre as folhas, mas não o achava. Ali, uma morna brisa acalentava meu rosto enquanto alternava o olhar entre a procura do pardal e o vai-e-vem frenético dos veículos e pessoas. Comecei então a associar minha vida e meus problemas com o que via.

Comparei cada problema meu com um ônibus e uma pessoa. Quantos problemas entraram e saíram da minha vida? Quantos deram marcha-a-ré? E quantos me dediquei, de fato, a lavá-los, colocá-los em manutenção e para fora de minha vida? Associei também as pessoas daquela empresa com as que passaram em minha vida. Quantas, através de sorrisos, me ofereceram ajuda e não percebi?

Entre observações e reflexões, continuava a ouvir o pardal e pensei: este pardal é Deus. Sim, o Senhor absoluto. Entre o barulho incessante dos motores e o “ir e vir” das pessoas, o pardal estava lá, assim como Deus, que nunca me abandonou. Como o pardal não se importava com o caos, Ele também não se importa e está sempre presente para me ajudar. Enfim, avistei o pardal, ele me olhou e me lembrei da minha descida às águas. Nos tornamos um. Ele voou e eu voei junto.

O calor daquela tarde já não importava mais, também como o fato de meu cliente mandar a secretária avisar que a reunião tivera de ser cancelada dada a uma emergência por parte dele. Voltei para casa com o Salmo 37 e Eclesiastes 3 na mente, além do refrão da música (uma de minhas preferidas que ouço no culto de Intercessão) que diz, “Meu filho, não tema, não tema porque Eu te escolhi, eu sei que é difícil, mas confia em mim, confia em mim…”

Amados, confiem em Deus. Sempre!

“Ensina-me Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração para temer o teu nome.” Salmos 86:10