O abraço que não aconteceu

“A Terapia do Abraço não é apenas para os solitários ou para pessoas emocionalmente machucadas. A Terapia do Abraço pode tornar mais saudável quem já é saudável, mais feliz quem já é feliz, e fazer com que a pessoa mais segura entre nós se sinta ainda mais segura.” Kathleen Keating.

Onde você estava neste sábado 00:50 h? Ainda bem que não estava no Paquistão! Nesse horário (lá já era 8:50 da manhã), aconteceu um terremoto arrasador que matou mais de 30 mil pessoas, deixando ainda centenas desaparecidas.

É nessa hora que olhamos para o Brasil e exclamamos: “Lar, doce lar!” Mas esse artigo não trata das catástrofes que ocorrem no mundo, mas sim de como é bom estar em casa, e dar “aquele abraço”!!! Cura qualquer saudade! Milhões de jovens e adolescentes moram longe dos pais, por diversos motivos, pode ser por causa dos estudos, do trabalho, de um tratamento de saúde, ou por opção mesmo. Somente eles podem dizer, como é bom voltar pra casa!!! Nessa hora, o abraço do pai parece mais forte, o sorriso da mãe parece mais doce, as brincadeiras dos irmãos não nos irritam mais, a nossa cama parece mais macia, e a comida parece muito mais gostosa!

Mas não é sempre assim. Acontece que grande parte dos jovens e adolescentes que moram longe dos pais, não têm alegria de voltar. Saíram brigados, revoltados, insatisfeitos, e não têm ambiente pra voltar. Esqueceram como é bom receber e dar abraço, e não se lembram mais que isso é como um laço que envolve um presente, um vestido, um enfeite, e que fortalece relacionamentos.

Segundo terapeutas, o toque físico, além de ser agradável, é necessário para o bem-estar humano, tanto do ponto de vista físico quanto emocional, e muitos profissionais de enfermagem estão recebendo treinamento sobre o toque terapêutico, reconhecido como uma ferramenta essencial para a cura, pois alivia a dor, a depressão e a ansiedade.

Na igreja, em casa, ou bem perto de você, existem pessoas enfraquecidas, desanimadas, sem esperança, e também jovens que perderam a noção do perigo e dos valores espirituais, os quais pensam que pra eles não tem mais jeito. Muitos deles se afastaram do Senhor Jesus, e não têm força pra voltar. Eles já se acostumaram tanto com a crítica e os ataques que evitam qualquer contato. Eles, na maioria dos casos, não precisam de um sermão, precisam de um abraço!

Em Atos 20:10, lemos que quando Êutico caiu da janela no terceiro andar e morreu. Paulo interrompeu a ceia do Senhor, desceu onde o moço estava caído, e inclinando-se o abraçou, e a vida voltou. Um simples abraço restaurou a vida!!! Era o abraço da restauração.

Também uma cena que mistura amor fraternal e saudade. Ocorre quando, ao se despediram de Paulo, os presbíteros de Mileto choraram com grande pranto e, abraçando afetuosamente o apóstolo, o beijaram (Atos 20:37). Eis o abraço da despedida!

Em Gênesis lemos de Esaú, um jovem que por anos guardou muito ódio contra seu irmão Jacó, e que certo dia saiu para encontrá-lo no caminho a fim de vingar-se dele. Do outro lado Jacó vem apreensivo, e manda presentes para seu irmão irado. No capítulo 33, finalmente acontece o encontro. Da parte de Jacó havia medo, dúvida e tensão, e do lado de Esaú ódio e desejo de vingança, mas lemos assim: “Então, Esaú correu-lhe ao encontro, e… o abraçou, arrojou-se ao seu ao pescoço e o beijou; e choraram…” (Gen 33:4). Era o abraço do perdão, o qual muitas vezes é acompanhado de lágrimas.

Como esquecer do abraço com lágrimas de José ao reencontrar seu pai? (Gn 46:29). E do abraço que ele deu em Benjamim quando se revelou a seus irmãos na terra do Egito? (Gn 45:14). Muitas vezes os relacionamentos se consertam quando temos a humildade de dar aquele abraço.

Adolescente, você já abraçou seu pai hoje? Já deu um abraço bem apertado em sua mãe? Por que não abraçar aquele irmão ou aquela irmã que por algum motivo se afastou de você? É muito bom abraçar a quem amamos, mas abraçar a quem ofendemos exige humildade, arrependimento, e essas qualidades não podem faltar no filho de Deus.

A maioria dos que morreram no Paquistão era formada por crianças que estavam na escola e sonhavam voltar pra casa algumas horas depois, para abraçar seus pais, beijá-los, ficar com eles. Mas para elas esse momento nunca chegou, o abraço não aconteceu. Penso também nos sobreviventes, que poderão voltar para casa e rever seus amados. Para eles o abraço terá um sabor especial, pois muitas coisas a gente só valoriza depois que quase perde, ou quando é tarde demais. Eu e você não sabemos o amanhã, por isso mande um abraço pra quem você ama hoje, e, se possível, dê pessoalmente.

Um abraço!