Um dos maiores desafios dentro de um relacionamento a dois é aprender a lidar com as muitas diferenças que aparecem pelo caminho. As diferenças no modo de pensar, de agir e também de reagir. A maneira que um enxerga a questão da organização da casa, por exemplo, nem sempre é a maneira que o outro enxerga. A forma que um lida com a sua saúde, no geral, difere da forma que o outro lida. O jeito que um administra a educação dos filhos, nem sempre é a mesma maneira que o outro administra. Ficaria horas aqui citando exemplos das possíveis diferenças dentro de um relacionamento a dois, afinal, estamos falando de dois seres humanos que nasceram e cresceram dentro de famílias e ambientes bem diferentes.

E, como aprender a conviver de forma mais harmoniosa a partir dessa realidade? Uma das opções (na verdade a mais utilizada) é partir para o campo de batalhas sem raciocinar:

A mulher deixou o sapato jogado? Brigas. O marido não lavou a louça? Brigas. O dinheiro da poupança foi gasto de forma desnecessária? Brigas. Não foi à reunião do filho na escola? Brigas. Esqueceu de alguns itens nas compras do mercado? Brigas.

Pois é, vou parar por aqui porque esse tema também renderia uma lista extensa! Optar por ofensas e agressões verbais diante de um problema nunca foi a melhor saída para quem busca uma solução. A experiência nos diz que, na verdade, atitudes como essas só costumam piorar o que já está ruim. O “x” da questão – e que na maioria das vezes nem notamos – é o grande desconhecido que está bem mais próximo do que o próprio cônjuge/parceiro: nós mesmos!

Você já parou pra pensar o motivo de reagir gritando e não dialogando diante de um imprevisto? Ou o porquê apela para compras ou comidas num momento de estresse? Já se perguntou o porquê de, na hora da raiva, quebrar coisas ou agredir verbalmente as pessoas? Sabe por que sente tanto medo de arriscar e tentar coisas novas? Ou insistir em se submeter a relações nocivas?

Pois é, a dura realidade é que a maioria das pessoas entra numa relação sem se dar conta de que o maior estranho que terão que enfrentar, na verdade, são elas mesmas. E, como almejar conhecer e mudar o outro se não conheço nem a mim mesmo? Missão quase impossível! Se você deseja, de fato, aprender a entender o outro e lidar de forma mais equilibrada com os problemas e conflitos que a relação a dois oferece, o primeiro passo é buscar conhecer a si mesmo.

Comece prestando atenção naquilo que costuma despertar em você emoções como raiva, medo ou angústia, por exemplo. Note o que antecede a emoção, a forma como seu corpo responde quando ela vem a tona e como você lida com a situação. Um exemplo rápido:

  • Situação que antecedeu: A entrega importante que eu estava esperando não chegou;
  • Como meu corpo reagiu: sensação de raiva – rosto queimando, palpitação e tremedeira;
  • A forma que lidei com a situação: gritei com o porteiro, derrubei algumas coisas no chão e ofendi meus filhos.

Esse exercício diário o ajudará no processo de autoconhecimento, que é a estrada para a mudança, afinal, ninguém muda o que não conhece, não é verdade? E, pela minha experiência de vida, quando passamos a conhecer melhor a nós mesmos, muitos conflitos diários acabam desaparecendo quase que automaticamente. Em muitas outras situações, talvez, você precise de ajuda externa ou exercícios práticos (como respirar e contar até 10 quando sentir o seu corpo respondendo a raiva, por exemplo), mas o fato é que, de uma forma ou de outra, o processo de autoconhecimento sempre trará crescimento e amadurecimento. E se o seu parceiro estiver disposto a trilhar esse mesmo caminho, a probabilidade da relação se tornar mais harmoniosa cresce, e muito!

A minha fé diz que Deus dá sabedoria àqueles que o pedem e, nessa minha caminhada dentro da psicologia, tenho visto a sabedoria de Deus em todo tempo. Observo as técnicas, os processos, as transformações acontecendo e meu coração se enche de alegria e gratidão. É magnífico observar uma pessoa sendo aliviada da carga que pesou em seus ombros por anos, as vezes por décadas! Um detalhe simples, uma palavra, uma pequena mudança na rotina, uma breve reflexão, pode oferecer transformações significativas (e lindas) em nossa vida!

Este espaço não é e nunca almejou ser um setting terapêutico, mas apenas uma simples sala de bate-papo onde amigos virtuais se encontram e têm a liberdade de partilhar sentimentos, experiências e aprendizados. Que esse nosso papo de hoje tenha te ajudado de alguma forma. Se – no mínimo – o fez refletir, já considero um bom começo. Talvez o melhor deles!

“E, se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente…” Tiago 1:5