A inabilidade que muitos têm de viverem de acordo com a nova vida em Cristo é causada pela forma pobre como encaram a Bíblia. Enquanto acreditarem que a Escritura é só um livro cheio de informações sobre Deus, dificilmente experimentarão a direção dada por ele para nosso cotidiano.
Geerhardus Vos nos ajuda a corrigir esse equívoco conectando a revelação com a história da redenção. Ele nos lembra que a revelação não foi completada de uma vez só, mas se desdobrou ao longo de uma série de atos sucessivos.
Essa maneira de enxergar a auto-revelação de Deus mantém a Bíblia intimamente ligada ao grande drama cósmico. Objetivamente falando, a redenção diz respeito a cada ato e fala de Deus no estabelecimento da aliança com seu povo — que culminam na encarnação, expiação e ressurreição de Cristo. Ponto. Muitas pessoas terminam aqui e não sabem mais como apropriar-se dessa grande História na sua própria história.
Aqui que surge o maior risco que a igreja evangélica é refém: reduzir a revelação bíblica a verdades pontuais de caráter terapêutico e subjetivista. O grande drama cósmico desenrolado na história torna-se apenas material informativo sobre como eu posso ter uma vida vitoriosa — na acepção mais rasteira de prosperidade financeira e saúde física.
Existe, contudo, outra forma de conectar a revelação dos planos históricos de Deus à minha e à sua história. Trata-se da dimensão subjetiva da redenção que inclui a regeneração, justificação, conversão, santificação e glorificação de cada discípulo de Jesus. Eu passo a enxergar como a grande história mudou minha trajetória pessoal e como ela vai me mostrar o horizonte para o qual devo caminhar.
Ou seja, a Bíblia não é um livro cheio de frases de efeito para serem decoradas como amuletos da sorte. Ao contrário, nela lemos tudo aquilo que Deus fala sobre nós (indicativos) e as ordens que devem seguir a partir disso (imperativos).
Quando você for ler sua Bíblia hoje, não faça como quem está atrás de curiosidades sobre Deus que podem deixar sua vida mais confortável. Antes, deixe o seu mundo ser confrontado pela nova criação que Deus estabeleceu a partir da obra consumada de Cristo.
