Nós nunca devemos celebrar a divisão das igrejas!

Uma das histórias que mais me impactou nos últimos meses veio da Holanda, no século XIX. O envolvimento crescente com a formação teológica de novos ministros para as igrejas holandesas foi deixando claro para Abraham Kuyper que seus esforços de reformar a Igreja Nacional eram insuficientes.

O cerne da crítica de Kuyper era simples e remetia às convicções básicas da fé reformada. Para ele, uma igreja verdadeira era o lugar onde a Palavra de Deus era pregada, os sacramentos corretamente administrados e o pecado fosse disciplinado com honestidade.

Com a permissividade da teologia liberal, cada um desses elementos foi comprometido na Igreja Nacional. Por décadas, Kuyper procurou transformar essa situação. Mas, em 1886, ele finalmente decidiu que não era mais possível. Naquele ano, ele proferiu o sermão “Porque eu não devo mais estar entre vocês” e deixou oficialmente a Igreja Reformada da Holanda.

Sua saída não foi um ato privado. A dimensão pública de Kuyper gerou um movimento massivo de membros abandonando suas congregações. Entretanto, o clima não era de vitória. Os líderes que acompanharam Kuyper chamaram a si mesmos de Doleantie [Os Lamentadores], devido à tristeza que sentiam em ver que a única saída encontrada para a igreja de seu país foi a divisão. Quase 200 congregações e aproximadamente 170 mil membros se intitulavam De Doleerrende Kerk [A Igreja da Lamentação].

A situação mudou de nome apenas em 1892 quando a nova igreja formada foi batizada de Igrejas Reformadas na Holanda.

O que me impressionou demais foi o fato de que, aproximadamente, 700 igrejas e 300 mil membros permaneceram seis anos chamando a si mesmos de Igreja da Lamentação. Eles estavam realmente entristecidos com o cisma da igreja e carregaram essa lamentação durante alguns anos.

Em dias em que igrejas nascem e morrem às custas de qualquer desentendimento dos seus líderes, essa história deve nos admoestar. Quando preferências pessoais e, até mesmo, convicções teológicas levam igrejas a se dividirem, isso não é algo a ser celebrado. Fraturar o corpo de Cristo nunca é algo bom. Pense nisso e ore por igrejas e líderes que estão nessa luta!