Aprendi com o Paulo Borges Jr. que gerar um filho é um feito, mas formar um pai é um processo.

De fato, quantos filhos são concebidos em relações não planejadas e fortuitas? Apesar de todo nascimento ser uma benção, gerar um filho não necessita de virtudes. Apenas competências bióticas — por isso a indesejável gravidez na adolescência. O corpo está pronto, mas falta capital moral.

Formar um pai é bem diferente. Demanda tempo, presença, virtudes e valores que são típicos do reino de Deus. Não se forma um pai acidentalmente. É necessário um processo intencional. Precisa querer, entender como fazer e buscar muito auxílio do Espírito de Deus!

Não é sem motivo que uma das imagens que a própria divindade quis se revelar foi a de Pai. Isso é o que Bruce Waltke chama de teomorfismo — a presença de formas divinas nos seres humanos. É óbvio que  existem imagens ginecomórficas na revelação bíblica. Mas no dia dos pais é importante lembrar de onde vem nosso paradigma de paternidade. Não são dos estereótipos de masculinidade hipster. É do Pai de Jesus.

Em um país de altíssimos índices de maternidade solo, em que as certidões de nascimento não têm o registro da paternidade,  a mensagem do Evangelho redime e redireciona nossas experiências frustrantes com pais.

A boa nova do Evangelho é que o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo nos deu o seu único filho (unigênito, único gerado, único da mesma substância de Deus) para que todos nós pudéssemos ser adotados e passassemos também a chamá-lo de Pai! O Evangelho é uma história de paternidade!

Por isso a sabedoria do texto bíblico assevera que “a coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são os pais” (Pv 17.6). Os filhos dos filhos são uma coroa para um homem, porque mais do que uma conquista (gerar um filho) ele estabeleceu um processo: formou um pai capaz de formar outros filhos!

Minha oração hoje é que a paternidade de Deus revelada em Cristo Jesus redima e renove suas convicções sobre filiação e paternidade de uma forma que as relações ao seu redor provém uma maneira totalmente inédita de ser filho, filha e pai!