O mal não está lá fora

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Quando se trata do esforço em educar nossos filhos na fé, é muito comum perceber alguns pais escolhendo o caminho do isolamento de seus filhos do restante da cultura em que estão inseridos. No desejo de protegê-los de influências pagãs e seculares, estes acreditam que o melhor a fazer é estabelecer rígidas fronteiras entre as práticas da fé e as da cultura.

Esse é o imenso esforço de evitar que nossos filhos ouçam músicas, assistam séries, vejam filmes, leiam livros tenham professores e até mesmo façam amiguinhos na escola que não estão na mesma fé! Se necessário for, só autorizamos desenhos cristãos, filmes cristãos, músicas cristãs, os colocamos em escolas cristãs, inglês cristão, nos certificamos que suas amizades são cristãs… Enfim, você já entendeu.

Mesmo que muitos pais não tenham noção nem rigor técnico para isso, o que pretendem construir ao redor de seus filhos é uma forma de neo-monasticismo: onde optamos por uma espécie de regra de São Bento evangélica — em que as produções culturais gospel são as únicas permitidas e a vida comunitária restringe-se às programações da igreja.

O historiador americano Mark Noll, escrevendo sobre os momentos decisivos da história do cristianismo, nos ensina que: o erro do monasticismo em todas as suas épocas está em desconsiderar que o mal a ser evitado não está “lá fora”, mas “aqui dentro” — mais especificamente, no coração do ser humano.

Quando nós tentamos cercar nossos filhos, famílias eigrejas da cultura ao seu redor, acreditando que o mal está lá fora e pode corrompê-los, nos esquecemos que, na verdade, a corrupção é de ordem interna e profunda.

O segredo para o sucesso de qualquer criação de filhos está no reconhecimento da dimensão bíblica do coração. Ao entrarmos em nossas bolhas evangélicas, carregamos lá para dentro o mal: nós mesmos, com nossos corações caídos. Precisamos de redenção — nós e os nossos filhos!