O que você deixou pra trás?

Existe uma marca insubstituível de todo aquele que está em relação com Cristo, mas que parece ser marginalizada por muitos métodos de discipulado: o abandono. Todo discípulo é chamado a abandonar o que ocupa o centro de sua vida, tomar sua cruz e seguir a Jesus.

Claro que temos outras marcas inquestionáveis. Os discípulos de Jesus seriam conhecidos pelo amor e também por permanecerem na doutrina dos apóstolos, por exemplo. Mas o abandono não figura entre as marcas mais populares do discipulado cristão. Não nos identificamos pelo que abandonamos por amor a Jesus. Na verdade, o que vemos é o contrário: pessoas foram até Cristo pelo que eles iriam receber e não pelo que abondonariam. Buscaram a Jesus porque sabiam que teriam paz, provisão e prosperidade.

Isso não só é o que diferenciava a multidão que acompanhava Jesus e os seus discípulos verdadeiros, como também ainda é um excelente critério para julgar nossas próprias motivações. Você sabe o que tem que abandonar por causa de Jesus? Consegue pensar rapidamente no que largou e o que ainda precisa deixar para trás por amor a Cristo?

A grande dificuldade na disciplina espiritual de abandonar está em nosso desejo de agradar a outras pessoas. Abandonar algo habitual significa também desagradar um grupo de pessoas que partilhava do mesmo hábito deixado de lado. A opinião dos outros pode se tornar um obstáculo para o abandono. Queremos ser agradáveis a todo mundo — e até fazemos isso em nome da evangelização (para quebrar as barreiras entre os incrédulos e Jesus)

Não se engane. Jesus não pediu para zelarmos pela opinião pública sobre quem ele era — muito menos para nós sermos agradáveis aos olhos dos outros. Não interessava o que estavam falando dele, pois ele sabia que as mais diversas opiniões erradas eram formuladas. Ele perguntou para os discípulos: e vocês, quem dizem que eu sou?

Só quem sabe quem é Jesus tem confiança de abandonar sem restrições aquilo que é incompatível com uma vida orientada pela Palavra de Deus. Nesse caso, não há mais preocupação com a opinião dos outros, pois já fomos alcançados por quem importava.