O vírus que me ensina sobre a grandeza de Deus

A forma abrupta como muitas rotinas foram alteradas em razão do COVID-19 são oportunidades para pensarmos sobre nossa fragilidade e falta de controle.

A epidemia de medo que acompanhou a pandemia viral encontra suas raízes no sequestro de várias dimensões da nossa vida que estavam aparentemente estáveis na nossa rotina.

Aparentemente apenas. A epidemia ajuda a entendermos quão frágeis são as nossas construções e os padrões que dirigem nossa existência.

Estudantes são privados de suas aulas, crentes são privados de seus cultos, amigos são privados de seu abraço. Cada detalhe do dia a dia é reconfigurado em tempos de emergência sanitária.

Talvez nenhuma circunstância seja mais privilegiada do que esta para nos dar senso de finitude e carência do que é fundamental. Nunca foi tão fácil enxergar como somos frágeis e necessitados de um cuidado muito mais do que aqueles que nós podemos construir.

Existe um salmo que eu gosto de cantar em dias de fragilidade evidente (velórios, visitas hospitalares, enfermidades). No Salmo 103:15 lemos que:

“Já o ser humano, sua vida é como a erva; ele floresce como a flor do campo. Quando o vento passa, desaparece, e ninguém sabe para onde foi”.

A vida humana é apresentada em sua imagem mais transitória e frágil: uma erva que desaparece com a força do vento. Hoje existe, amanhã já não existe mais.

Isso deveria ser suficiente para caracterizar a vida humana em sua incontornável finitude e transitoriedade. Não precisaríamos ler os filósofos pessimistas para ter consciência de nossos limites.

Entretanto, o salmo continua dizendo o seguinte:

“Mas o amor do SENHOR para com os que o temem permanece para todo o sempre, e sua justiça, para os filhos dos filhos, para aqueles que guardam sua aliança e para os que se lembram de cumprir seus preceitos”.

Em uma reviravolta cheia de esperança, o salmista mostra que a forma privilegiada do ser humano ultrapassar sua condição de finitude é através do amor de Deus com aqueles que o temem e guardam sua aliança.

O que nos salva da epidemia de medo causada pelo diagnóstico viral não são só os protocolos higiênicos ou uma futura vacina. Essas também são construções frágeis dos seres humanos. Tão somente o temor do Senhor pode nos livrar de nossa própria finitude.